sexta-feira, 21 de setembro de 2018

DOIS GRANDES INIMIGOS| Emanuel Lima


Venho pensando nisso há algum tempo. Temos dois grandes inimigos e ao contrário do que maioria de nós acredita, não são as pessoas os nossos maiores e sequer reais inimigos, ainda que algumas destas se levantem para atravancar os nossos sonhos de quando em vez. 

As pessoas não têm o poder para definir os nossos sonhos simplesmente porque elas desconhecem as medidas de cada um deles, quanto mais possuírem o poder para impedirem-nos de realizá-los? As pessoas não representam o verdadeiro entrave, elas podem desanimar-nos, podem ofender-nos, insultar-nos, desacreditar de nossas capacidades, podem até humilhar-nos, mas tudo isso é apenas como se estivessem ferindo a carcaça, dói mas não representa grande perigo porque a nossa força é gerada pelos sonhos, e os sonhos reinventam-se, os sonhos são infinitos mundos de possibilidades e nenhum misero ser humano pode contra eles. 

Só nós podemos permitir que os outros nos definam e definam quem somos, definam os nossos sonhos e o nosso destino! Mas existem dois grandes e reais inimigos com quais devemos pleitear, e viver como se eles não existissem é um adesivo de imbecilidade sem precedentes. São o tempo e a morte! Estes estão intrinsecamente ligados e o tempo acaba no preciso instante em que a morte começa. 

Eles são perigosos porque vestem-se como irmãs siamesas dos sonhos, mas vendem na verdade ilusões, utopias, e distraem a nossa atenção do real: sonhos. Enquanto vivemos perdidos em ilusões, o tempo passa veloz e a morte lenta se aproxima, não tão lenta assim. 

A ideia distorcida do carpi diem que está em voga, só pode ser originada de mentes medíocres, que ao invés de usarem o tempo que lhes resta para não serem apenas passageiros pela vida, mas para deixar sua marca, usam-no desmedidamente em ilusões. Mas tempo perdido são oportunidades que não voltam mais e não nos enganemos, pode ser que sejamos ateus, mas nenhum de nós ousaria duvidar da existência da morte! É um deus certeiro e que (in)felizmente não se corrompe como muitos outros. 

Mentes funcionais vivem remindo o tempo e ao contrário do que se acredita, isso não significa viver friamente. Mas quem disse que uma vida intensa é uma vida desperdiçada em ilusões? Quem disse aos jovens que a juventude é o tempo de desperdiçar a força, a jovialidade, os sonhos e de ceder o intelecto as frivolidades? 

Não é verdade que deve ser assim. É preciso repensarmos a ditadura da ideia de que divertir-se é viver sem planos e sem projecções de vida, de que viver intensamente é não ter compromissos nem sonhos, isso é tudo menos realmente viver. 

É existir, é passar pela vida. A maior vergonha de um homem não deve ser o fracasso mas a covardia. A falta de ousadia, o medo de sonhar de falhar e de reinventar-se. Como disse o poeta: Todos esses que aí estão/ atravancando o meu caminho/eles passarão/eu passarinho. 

Existem aquelas pessoas que desacreditam de si mesmas, são levadas pelas batalhas cruentas da vida a frieza, a inercia criativa, a indiferença pelas alegrias e tristezas, a acreditar que não têm nenhum valor, que são lixos, que não são especiais. 

E consubstanciam essa crença no falso pensamento de que todos os outros semelhantes também o sejam. Não existe maior inverdade que essa. 

Pode ser que não sejamos super-heróis e nem tenhamos superpoderes, mas também não precisamos deles, temos o maior poder de todos: a mente! 

Pode ser que não sejamos ainda o que idealizamos, mas aprendi recentemente que é preciso parecer para ser. E isso não é um convite para a hipocrisia, mas para o sonho existencial! Você pode fazer mais do que você faz, se você quiser. 

Só não desperdice o seu tempo com frivolidades, com uma vida sem sentido. Se olhando para dentro de si mesmo, só haver escuridão, ainda é dia para procurar pela luz dentro de ti, existe essa espiral em cada um de nós: há um ponto de luz na imensa escuridão, há um ponto de escuridão na infinitude da luz. 

Não passe apenas pela vida, não morra como se não tivesses sequer nascido. Não te adaptes ao mundo e as circunstâncias ao redor dele. Somos dotados de capacidades para transformá-lo. Comece hoje, se precisar ser indiferente, que seja com a indiferença, com a frieza, com a frivolidade, com as ilusões, com aqueles coitados que atravancam o nosso caminho. 

Por isso, não escreva apenas um livro, escreva um livro que mereça ser lido e jamais esquecido, não plante apenas uma árvore, plante uma árvore frondosa e bela cujos frutos sejam bons de se comer e as folhagens dêem sombras frescas, não faça apenas um filho, gere um legado indestrutível, e quando o deus da morte chegar e pedir contas, dê-lhe uma vida cheia de intensidades ao invés de apenas ilusões que se desfazem no tempo! Seremos os únicos culpados se terminarmos como começamos…

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