segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Caso 500 milhões: Ministro Manuel Nunes Júnior será ouvido terça-feira em tribunal




O ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior, será interrogado, na qualidade de declarante, amanhã, dia 11, pelo Tribunal Supremo, que está a julgar os réus do "caso 500 milhões de dólares", transferidos ilegalmente do Banco Nacional de Angola (BNA), para uma conta no banco Crédit Suisse de Londres, Inglaterra, em 2017.


Manuel Nunes Júnior, que à data dos factos era o ministro de Estado da Coordenação Económica e Social, foi arrolado pela defesa do réu Valter Filipe, através do advogado Sérgio Raimundo, por ter, supostamente, participado numa audiência que o Ex-presidente da República, José Eduardo dos Santos, concedeu aos alegados representantes de um sindicato bancário que criaria o fundo de financiamento de 30 mil milhões de dólares.

O actual ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social foi citado várias vezes nas sessões de discussão e julgamento pelos réus Valter Filipe e José Filomeno dos Santos "Zenu dos Santos" por terem participado num encontro, em Junho de 2017, na Presidência da República, em que o mesmo esteve presente na qualidade de ministro.

O antigo presidente do Conselho de Administração do Fundo Soberano de Angola e filho do Ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, apresentou junto ao processo, no mês de Dezembro do ano passado, durante o seu interrogatório, fotografias do encontro em que estiveram presentes, entras outras individualidades, o então ministro de Estado da Coordenação Económica e Social.

Manuel Nunes Júnior poderá ser interrogado sob o conteúdo da audiência que José Eduardo dos Santos concedeu aos alegados representantes de um sindicato bancário em 2017, uma vez que participou pode confirmar, ou não,se tem conhecimento que o antigo chefe de Estado terá autorizado o então governador do BNA, Valter Filipe, a transferir os 500 milhões de dólares para Londres.

Sérgio Raimundo, advogado do ex-governador do BNA, só não dispensou o ministro, por achar que o seu depoimento será importante para a descoberta da verdade material.

No mês passado, o advogado pediu aos juízes do Tribunal Supremo que dispensassem os nomes de João Lourenço, Frederico Cardoso, Pedro Sebastião e de Lito Cunha, por entender que tudo o que queria saber foi já explicado polo ex-ministro das Finanças, Archer Mangueira.

A sessão de discussão e julgamento desde caso continua em fase de interrogatório aos declarantes mas tem sido marcado por divergências entre a acusação (o Ministério Público) e os advogados de defesa dos réus, que se envolvem amiúde em trocas de palavras sobre a natureza das perguntas colocadas aos declarantes.

De recordar que, para além de Valter Filipe e José Filomeno dos Santos, estão igualmente sentados no banco dos réus o ex-director do Departamento de Gestão de Reservas do BNA, António Samalia Bule, e o empresário Jorge Gaudens, proprietário da empresa Mais Financial Services.

Os réus respondem pelos crimes de peculato, branqueamento de capitais, burla por defraudação e tráfico de influência.

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