O facto aconteceu na calada da noite, no bairro Dr. António Agostinho Neto, arredores da cidade do Lubango, quando a vítima, João Canica Manuel, agente da Polícia de Ordem Pública foi obrigado a parar pelo acusado, Catraio, sob a mira de uma pistola, que o e ordenou que entregasse tudo o que trazia consigo. Com a pistola apontada ao peito, o cidadão entregou o telemóvel, a carteira de bolso e todo o dinheiro que nela tinha. Seguidamente, o assaltante ordenou à vítima que seguisse o seu caminho sem olhar para trás, pois, dos seus gestos dependia a sua vida. O que não passou pela cabeça do agressor, que ironicamente carregava uma pistola sem munições, é que a sua vítima era na verdade seu colega de corporação e transportava também uma pistola do tipo Star, na cintura. “Depois de ele ter orientado que seguisse o meu caminho sem olhar atrás e ter dito que iria fazer disparos, não hesitei e saquei também a minha pistola. Fiz dois disparos para o ar, fui contra o cidadão e, naquela luta, a pistola dele caiu. Com ele já desarmado, fiz outro disparo no chão. Tivemos uma luta que durou mais ou menos cinco minutos”, explicou a vítima.
A fonte disse que o assaltante era de um tamanho maior que o seu e tinha uma técnica superior a sua. No momento em que lutava para a sua sobrevivência, apareceu um outro cidadão que o ajudou a imobilizar o agente da Polícia de Intervenção Rápida que se aventurava no “mundo dos assaltos”. O pior, revelou, só não aconteceu “por milagre de Deus” e ajuda de um colega, também da Ordem Pública, que veio a reconhecer que os dois eram agentes da Polícia Nacional. “Depois de apertar na patilha da minha pistola, o carregador cai e aparece um colega nosso, que nos reconheceu. Entreguei-lhe a pistola e agarrei o suposto marginal, que teve de devolver tudo que me tinha retirado. Liguei para o comando e detivemos o cidadão”, disse ele, que se sente triste por saber que o assaltante é seu colega, o que mancha a corporação. “É triste. Preferia ser assaltado por qualquer outro cidadão e não por um colega. Só reagi porque ele falou em disparos, pelo que não queria morrer sem lutar”, acrescentou.
Comando provincial confirma detenção do agente
O director do Gabinete de Comunicação e Imprensa Institucional do Comando Provincial da Polícia Nacional, superintendente Carlos Alberto, confirmou que o agente da PIR está sob custódia da autoridade. O mesmo encontra-se numa das cadeias militares da cidade do Lubango, onde aguarda ser apresentado à Procuradoria Militar. O responsável do GCII garantiu ainda que decorre a instrução de um processo disciplinar contra o referido agente. Carlos Alberto lamenta a atitude do cidadão e mostra- se surpreso, sendo esteo primeiro caso do género. Entretanto, para o director do Gabinete Jurídico do Comando Provincial da Policia Nacional na Huíla, superintendente Ramiro de Almeida, esta prática leva a que o agente da Polícia de Intervenção Rápida seja indiciado no crime de roubo com recurso a arma de fogo, pelo que arrisca-se a uma moldura penal que vai de dois aos oitos anos de prisão. “Neste momento, o agente da PIR arrisca-se a dois processos, sendo um processo-crime e outro disciplinar. No processo disciplinar, por exemplo, nos termos do Artigo 34º da norma jurídica vigente na Polícia Nacional, ele será demitido, se se concluir que não é um indivíduo que mereça estar na corporação”.
Fonte: Jornal OPAIS
0 comentários: