quarta-feira, 20 de junho de 2018

ZONGO ARMANDO: O PROFESSOR DEVE ENSINAR ALÉM DO CONHECIMENTO

O professor não precisa ter a pesada obrigação de conduzir as pessoas a perfeição que é uma missão da Igreja que infelizmente usam formas confusas para se consumar esse objectivo para o sonhado paraíso na terra. Para mim apesar de assumir a existência de uma ideia caótica relativamente a esse ponto mas vejo sonhadores que de forma incansável lutando para direcção desse vector, tentando criar um sistema de corpos que cria a diferença de potencial necessária para vectorizar esses corpos. Contudo, apoio os sonhadores, mas não esqueçam a chave, O EXEMPLO. ”O exemplo não é o melhor método de ensino mas sim é o único”.

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Ser professor é muito mais que exercer uma profissão, dar aulas, aplicar e corrigir provas. Na Expo do Colégio Narfive do ano lectivo 2017 junto com os meus estudantes da 9ª Classe, turma D e 8ª Classe, turma C fizemos um trabalho de campo sobre a concepção dessa maravilhosa profissão e aqui tem os pensamentos de alguns professores. Ser professor é:

ü  É ser formador de opiniões e de ideias. É ser educador (Prof. Manuel Africano).
ü  É ser um mestre, é ser alguém capaz de descobrir caminhos e evidenciar para que outras pessoas possam andar nele. Ser professor é ser alguém com brilho que se reflecte nos estudantes (Prof. Audis Neto).
ü  É ser potencializador do mundo (Prof. Teófilo Eduardo).
ü  É ser um indivíduo que tem o dever de moldar o homem na sociedade e transformar o mundo que se compreende com as mãos dos professores. É ser chave que abre a porta para um individuo/uma sociedade para enfrentar os desafios que nele se impõe (Prof. Lino Rosa).
ü  É ser um profissional cuja missão é ensinar, uma determinada disciplina, arte ou ofício para a formação de um indivíduo socialmente úteis (Prof. Telmo Mateus).
ü  É ser o despertador e direcionador do aluno na busca do conhecimento éticos e morais, artísticos e científicos, com objectivo de tornar o mundo cada vez melhor (Prof. Joaquim Cassicato).
ü  É aquele que faz duas ideias crescer onde antes só crescia uma. É ser mãe, educadora e mais … (Prof. Zenilda).
ü  É uma responsabilidade moral e cívica de formar cidadãos conscientes, responsáveis e preparados para os desafios profissionais e sociais e competentes (Dir.ª Juscilina Quipungo)
ü  É ter vocação para despertar o intelecto dos seres pensantes de modo a estimulá-los a vontade pelo espírito crítico e analítico das informações, opiniões e das acções de tudo o quanto os circundam dentro e fora do meio que integram. É a estruturação e a edificação de homens cada vez mais profissionais e dotados de princípios morais e virtudes, tendo como resultado destes a nutrição de uma sociedade mais instruída e educada (Prof. Airton Januário).

A partir dessas ideias que convergem em tornar a sociedade num lugar compatível a partilha, a tolerância, a respeito pela existência dos diferentes eu´s notamos uma grande disparidade da realidade e essa ideia está longe das nossas salas de aulas, porque nas instituições de ensino existe a ilusão de achar que a a ética deve ser ensinada apenas pelo professor de E.M.C. (Educação Moral e Cívica) que interrompe ou torna o processo docente educativo com algo circunstancial dada a razão de que essa disciplina é ensinada apenas no primeiro ciclo do ensino fundamental segundo regime académico que vigora no nosso país.

O Objectivo da Educação é gerar pessoas alegres, felizes e cheia de humanismo. Se este for o fim máximo como os diferentes conceitos citados fazem referência qual seria a lógica dos diferentes professores ensinarem apenas a matemática, apenas física, química, biologia, língua, … ? Analiso isso sem nenhum equívoco, se formos analisar a partir da grelha programática dessas disciplinas vamos perceber que não existem bases para ensinar além de matemática, física, … Os objectivos não têm claridade suficiente para o professor desenvolver um processo de ensino e aprendizagem além da Matemática. O perfil não corresponde com as suas obrigações, ser professor na nossa realidade representa a última opção, é uma atenuação para os desempregados, muitos desses profissionais não têm vocação nem habilidades artificiais para desenvolverem essa profissão. Sem analisar a miséria que ganha para desenvolver mesmo com deficiência um processo de tamanha complexidade que é penetrar nos neurónios dos seres mais complexos que existem para depositar qualquer ideia.

Reconheço que a educação vai além da intervenção do docente como responsável máximo do processo, a educação exige a intervenção de todos actores do palco da existência, família, associações, igrejas, os políticos, escolas, ... 

Mas nós estamos tendo esse debate numa sociedade sem bases sólidas, onde não se verifica a essência dos cinco pilares da educação (aprender a conhecer, a fazer, a viver em comunidade, a ser e a desaprender). Daí a necessidade dos protagonistas da essência da educação reocuparem os seus devidos lugares.       

O movimento Browniano está cada vez mais presente nas ideias, dando protagonismo as janelas mais obscuras da nossa psique.


É preciso consciencializar a sociedade e os encarregados de educação sobre o seu verdadeiro papel ou responsabilidade sobre o projecto de sociedade que pretende criar mas é importante despertar inicialmente esses actores. Estamos a reflectir ou a colocar em causa pais que engravidam aos 14, 15 anos de idade, onde não têm base nenhuma para transmitir, estamos a tratar de pais que vivem sob excesso de actividades sem consciência dos danos que causam a família e consequentemente trabalho que empurram para os coitado dos professores, estamos a referenciar pais professores que correm diariamente de colégio em colégio para conseguirem agregar o suficiente para sustentar a família e ficam sem tempo para cuidar a emoção da sua família, estamos a tratar de pais policiais e militares em que nunca tiveram tanto o que fazer em tempo de paz, na qual o dinheiro é a única coisa valiosa que têm para oferecer a sua família, estamos a tratar de pais comerciantes que vivem obcecados pela riqueza que inocentemente  acreditam  que só riqueza trará felicidade no lar, esquecendo que as coisas que tornam a vida uma mais valia não provém do dinheiro, na hora da morte a pessoa pensa na esposa, filhos, irmãos, amigos, dificilmente pensa no facto de estar a deixar dinheiro. O Dinheiro em si mesmo não traz felicidade, mas a falta dele pode tirá-la drasticamente. O dinheiro não enlouquece, mas o amor por ele destrói a serenidade. A ausência do dinheiro nos torna pobres, mas o mau uso dele nos torna miseráveis (Augusto Cury).

A educação é uma necessidade geral por isso deve ser cobrada a todos, entretanto, existem um grupo de profissionais que são treinados, formados, especializados, passam mais tempo estudando esse fenómeno que abala e transforma sociedades, entretanto, passa a ser normal que a esses profissionais a cobrança seja maior. Mas infelizmente os professores passam mais tempo aprendendo matemática, física, química, línguas, ... e muitos deles não têm mais nada para dar além dessas áreas de conhecimento científico. 


COMO UM PROFESSOR PODE ENSINAR ALÉM DE CONHECIMENTO?

Durante a organização do processo docente educativo

Na etapa da organização do processo docente educativo está a chave de ouro do professo, é nessa fase que o professor se tornar num verdadeiro actor idealizando a sala de aula no palco da sua mente, encenando o filme antes da sua exibição, nesta etapa é recomendando que o professor introduza todos os elementos que torna alcançável os objectivos do processo docente. Nessa altura o professor deve chamar para integrar na sua preparação os cinco pilares da educação, o professor deve reflectir de que forma esse conteúdo ajuda os estudantes a adquirem habilidades, conhecimentos e valores. Na etapa da preparação o professor tem a liberdade de experimentar todos os cenários possíveis para tornar a aula em algo que estimule a psique, a curiosidade, prazer, … que reduza o máximo possível o tempo psicológico. Para isso ele precisa introduzir os meios, métodos e os actores adequados, analisar a aplicabilidade desse conteúdo, mostrar onde está esse conteúdo no dia a dia. Encontrar as melhores motivações que estão no dia a dia dos estudantes.

Durante a aula

Essa é a etapa crucial do processo, porque é aqui em que o professor entra em contacto com o público alvo, nesta etapa todo cuidado é pouco, a preparação garante o sucesso de uma aula mas não a 100%, por esta razão o processo deve adotar conjunto de habilidades que possam viabilizar o processo.

O ensinar além do conhecimento não significa abandonar a sua área de especialização para ensinar a ética, ensinar além do conhecimento está na sua capacidade de gerir o processo e introduzir parâmetros, comportamentos que possam ultrapassar o simples ensinamento de limite ou integral. Se o professor é o mestre da educação não se espera a perfeição dele mas com certeza todos aguardam de um professor um perfil que seja digno e representativo da sua classe, daí a necessidade do professor ser exemplar.

ü  O professor deve adotar uma postura que conforta o educando.
ü  O professor dever ter uma personalidade forte, ser profissional educando assim o carácter dos seus alunos. Não levando para a sala da aula os problemas pessoais que possam afectar o processo. Não desafiando os alunos se colocando no lugar do mestre. Aceitar correcções e críticas sem manifestar raiva ou rancor. Não insultando ou criticando os alunos publicamente. Não demonstre necessidade neurótica de estar certo, mostrando tolerância. Saiba reagir a situações difíceis complexas dentro da sala de aula. Mostra preocupação e sensibilidade a dificuldades e problemas gerais ou particulares que os alunos enfrentam. Não tenta usar os alunos para tirar benefícios pessoais, como pedindo coisas materiais ou usando o poder para usar sexualmente as raparigas. 
ü  O professor não deve julgar os alunos (ao contrário estaria a navegar pelo caminho fácil não se preocupando com a emoção dos seus alunos)
ü  O professor não deve ser insensível menosprezando a dúvida dos alunos ou rindo delas.
ü  O professor não deve sempre achar o errado está nos alunos quando ele várias vezes não prepara o processo, não dá avaliações, não faz correcções de avaliações e quando faz nunca é a tempo.
ü  O professor não deve agir infantilmente com os alunos fazem, agredindo os alunos com palavras agressivas parecendo que na turma não há adulto quando na verdade seria o professor a dar exemplo.
ü  Não grita com os alunos quando eles falham, estarias a demonstrar falta de maturidade e descontrole emocional, trata os assuntos sempre com maturidade passando lições profundas a eles.
ü  Não invalida o aluno só por mostrar deficiência no aprendizado, muitos não brilham no palco da sala de aula mas brilham noutros palcos que as vezes parecem mais complexos.
ü  Não trata os alunos que facilitam o processo com privilegiadas, assim estaria a tirar a mão da salvação para os que mais precisam.
ü  Não permita comportamentos de auto promoção dos estudantes que tenta passar por cima dos outros para se sentirem grandes e especiais. Sem passar mal impressão mas tenta mostrar para esses estudantes que a turma é de todos, todos estão ali por necessidade de aprender, entretanto, respeitar a dúvida, a opinião, a ideia, a intervenção, a preocupação dos outros é um direito e dever que lhes é conferido como aluno, por isso, nenhum aluno deve achar-se privilegiada por fazer mais tarefas ou acertar mais nas intervenções e avaliações. Muitos desses estudantes têm problemas emocionais graves que precisam da intervenção do mestre da vida. Então, nunca deixa que um aluno insulte a dúvida do outro não importa a inocência da dúvida.
ü  O professor não pode entrar nas brincadeiras dos alunos quando esses utilizam termos pejorativos, ofensas que estimule a violência ou que faz referência a aspectos físicos.
ü  Aquando da intervenção dos alunos o professor não deve frequentemente interferir na fala desse achando que já perceber a inquietação, deixa o aluno terminar de expor a sua dúvida. E na resposta o professor deve valorizar a questão dando assim incentivos para que essa aluno volte a participar. Não critica a dúvida do aluno, existem formas de alertar sem ferir sensibilidades.
ü  Perceba que o objectivo não apenas cumprir com o processo mas é preciso averiguar o alcance dos objectivos no público alvo.
ü  Tenta compreender as natureza psíquica dos seus alunos, eles são complexos e diferentes, por isso não é justo querer todos eles tenham rendimento ao mesmo ritmo, eles viveram e continuam vivendo realidades diferentes. 
ü  O professor não pode ser visto como um cara anti social que mostra arrogância ou perfil de intocável mas sim um ser social com dificuldades e coisas a superar. Por isso deve brincar com os seus alunos dentro dos limites e teatralizar as ideias mostrando que todos nós temos uma eterna criança que mora dentro de nós. 

Durante a avaliação de aprendizagem

ü  A avaliação é um teste forte a justiça do professor, por isso nessa etapa o detalhe e rigor são aspectos cruciais.
ü  As avaliações devem reflectir as ideias, conteúdos partilhados na sala de aula.
ü  As ideias para avaliação devem ser claras reflectindo o que de mais relevância há no conteúdo partilhado, não ficando com ideias obscuras de que a avaliação é vingança do professor.
ü  A cotação deve ser devidamente antecipada e a correcção deve reflectir a justiça e o bom senso do professor, mostrando ao estudante que o objectivo do professor não prejudicá-lo, já que a avaliação não é a etapa mais importante do processo de ensino e aprendizagem.
ü  A correcção deve ser acessível ao estudante e passível de verificação se necessário.

Despertar no seu filho uma curiosidade sem limites, que o viria a acompanhar até ao final dos seus dias (Nancy Elliot Mãe de Thomas Edison).

Zongo Armando em, O PROFESSOR DEVE ENSINAR ALÉM DO CONHECIMENTO.

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