quarta-feira, 1 de agosto de 2018

ZONGO ARMANDO: PORQUÊ A INVEJA É TÃO COMUM ENTRE NÓS

INVEJA DO LATIM, INVIDIA QUE SIGNIFICA, NÃO VÊ, OU SEJA, TEM DIFICULDADE DE ESTABELECER O SEU EU COMO PONTO MATERIAL.
“A maioria de nós prefere olhar para fora e não para dentro de si mesmo.” (Albert Einstein)
A inveja é um sentimento intrínseco ao córtex cerebral de todo ser pensante, existe no centro da psique humana uma necessidade de invejar o próximo mesmo de forma involuntária, e isto é visível no desconforto que sentimos quando a nossa vizinhança demonstra uma certa satisfação em termos de conquistas, as vezes ao invés de felicitar com sinceridade preferimos questionar e subjugar. São indícios fortes e frequentes da inveja que todos nós comungamos.



Sempre desafio as pessoas a fazerem o seguinte exame de consciência para medir o seu nível de inveja:
  1. A felicidade dos outros as vezes me incomoda?
  2. Sempre me alegro com sinceridade com as conquistas dos outros?
  3. Sempre fico feliz com o bem estar dos outros?
  4. Uso os outros como referências para definir o meu bem estar?
  5. Tenho mania de ser sempre melhor do que os outros?
  6. Pessoas com baixa condição social em relação a mim me passam um certo alívio ou conforto?

O modelo de sociedade que se adotou nos levou a este resultado, a educação mundial colocou a ideia de que a felicidade do homem está na hierarquia social, quanto mais se soube melhor, então, o homem memorizou a ideia de que a felicidade está no topo da pirâmide e quanto mais longe se sentir dos outros melhor, afinal de conta o outro deve se comportar como referencial inercial para dar significado a nossa glória e satisfação.


Por isso a bela frase nunca perdeu a validade, ÉRAMOS FELIZES E NÃO SABÍAMOS, porque o homem vai dando conta com o passar do tempo que o suposto sonho conquistado não muda as janelas mais importantes do cérebro humano e vai reflectindo os vários momentos desperdiçados com a fantasia de que a felicidade está no futuro, esquecem que o futuro nunca chega. Os inocentes são mais felizes.
  • ONDE RESIDE A MAIOR PREOCUPAÇÃO DA INVEJA APESAR DE SER UM SENTIMENTO COMUNGADO?
Se baseando mais uma vez na etimologia da palavra, inveja do latim, não vê, começa a ganhar os contornos mais críticos a medida que começa a invalidar a parte crítica do seu cérebro e tornando esse sentimento numa mania doentia, onde a sua própria vida começa a perder essência em detrimento da vida dos outros. Todos nós temos mazelas, fracassos, coisas a superar, até objectivos mesmo não claro em algumas circunstâncias, então, é deprimente conceber a ideia de que alguém olha para a vida do outro como experimento e achar que existe sinceridade na sua abordagem. A nossa condição social não permite o isolamento, entretanto, o outro sempre será o nosso foco de atenção mas é inadmissível que esse outro substitua a nossa essência.

Ao invés que gastar muito tempo em tentar corrigir, criticar excessivamente, desvalorizar, baixar, menosprezar o outro seria mais inteligente gastar esse tempo acrescentando valor e empreender no crescimento pessoal e da sua equipa se tiver uma. Nós temos coisas a superar.

APRENDA A OLHAR INICIALMENTE PARA VOCÊ. PARA AMAR O PRÓXIMO PRIMEIRO DEVE TER UM CASO DE AMOR CONSIGO MESMO.
  • A PARTE MAIS OBSCURA DA INVEJA QUE QUASE NINGUÉM RETRATA. 
Apesar de tudo que já foi escrito sobre a inveja, existe uma componente deste sentimento que ninguém retrata. A inveja na sua essência mais popular de crítica destrutiva não é um sentimento isolado, na sua maioria tem bases e origens bem cristalinas de indivíduos que se observam diante deste sentimento como vítimas. Mas na verdade quando o tema é inveja não existem vítimas absolutas.
Baseando-se na pirâmide de Maslow que define o modelo de sociedade relativamente as necessidades fisiológicas e materiais, percebemos que no topo ele colou a auto-suficiência como alcance da felicidade plena, ou seja, É PRECISO ESTAR MELHOR DO QUE OUTRO PARA O EU CONCLUIR QUE SOU FELIZ. Este forma de olhar para vida tornou o mundo num palco de disputa, não importa se eu estou bem, o importante é que eu seja melhor do que você, e isso se tornou na base de chacota. As conquistas não servem apenas para alegrar a nós e a nossa família mas na verdade é costumeiro ver pessoas usando os seus bens para humilhar, pisotear, provocar, zombar, abusar. Vamos dar exemplos:


  1. O funcionário promovido na empresa as vezes não fica satisfeito apenas pela conquista mas fica mais feliz por ganhar mais do que os outros.
  2. O aluno que tira a maior nota no grupo (exemplo 12) deveria ficar triste por não ter alcançado o 20 que é a nota máxima ou apenas se alegrar com a positiva suada mas emociona-se de alegria por ter uma nota acima de todos da turma.
  3. O boss do bairro se calhar deveria se focar na sua vida, usufruir a riqueza com a família e continuar a se superar mas prefere ficar na arrogância de se achar melhor do que os outros.
  4. O aluno que mais acerta nas participações nas aulas tem ciúmes das participações dos outros porque gosta de ter o protagonismo, por isso tenta menosprezar a participação dos outros.
  5. É evidente os ataques do Maradona contra Messi, não bastou a história insubstituível que ele tem no futebol mundial mas prefere ver o seu conterrâneo falido para manter o seu privilégio esquizofrénico. 
  6. O fracasso dos outros nos consola em determinadas situações.

 Em suma, podes fazer mas não faça melhor do que eu.

A felicidade inocente construída na desgraça do outro é o que nós comungamos como seres humano dessa geração doente e medíocre. Esquecemos de festejar as nossas conquistas e alegrias, preferimos rir do outro como referencial quantificador da nossa satisfação. Alguém que chega até este ponto só revela como se sente na situação inversa, revela uma composição de sentimentos ruins relativamente à satisfação dos outros. Infelizmente todos nós demonstrámos isso nos momentos de grandes emoções, o que torna isso algo penoso é o facto de ser uma prática padronizada e inocentemente achamos isso belo, mas é o corpo material das desgraças do mundo, olhando o universo numa casca de nós e não noz.

Jamais se esqueça de olhar para trás, não com o intuito de contemplar de forma melancólica o passado (diz um provérbio russo que “ter saudades do que já passou é correr atrás do vento”) mas sim de observar o quanto do caminho já percorreu, enaltecendo suas vitórias, saboreando os frutos de sua evolução, aprendendo a deixar para trás tudo o que não precisa carregar consigo, como mágoas, ressentimentos e frustrações. Aprenda a olhar para frente, vislumbrando seu futuro, pois é lá que você passará o resto de sua vida. Imagine-se um, cinco, dez, vinte e cinco anos adiante e responda a si mesmo o que estará fazendo, quem estará ao seu lado, quais serão suas conquistas e, fundamentalmente, qual o legado que estará construindo. (T. Coelho-2016).

É importante perceber que a inveja é transversal, é preciso esforço na mudança de atitude e de mentalidade das componentes que constituem as assimptotas. 

Contudo, a inveja prejudica mais a fonte. Então aqui vai um discurso meio romântico:

Inveja é considerada um dos sete pecados capitais e, normalmente, caminha lado a lado com a crítica destrutiva do invejoso. Ela é muito destrutiva para quem sente e para quem é invejado. A inveja nos leva a desejar algo que não é nosso e sentir tristeza pelo bem dos outros. O julgamento maldoso que decorre da inveja é o resultado da apatia e infelicidade com a própria vida: a inveja reflete o que nos falta, o inconformismo e a autorrejeição. É um sentimento que fala da insatisfação que não conseguimos reconhecer. 

“A inveja é mil vezes mais terrível do que a fome, porque é fome espiritual”.
-Miguel De Unamuno-


SHARE THIS

Author:

Etiam at libero iaculis, mollis justo non, blandit augue. Vestibulum sit amet sodales est, a lacinia ex. Suspendisse vel enim sagittis, volutpat sem eget, condimentum sem.

0 comentários: