segunda-feira, 25 de junho de 2018

“Luanda é a nossa verdadeira guerra”




O ministro do Interior, Ângelo da Veiga Tavares, afirmou ontem que a grande atenção no combate à criminalidade está virada a Luanda, que, só no primeiro trimestre deste ano, registou uma média de 149 crimes, o que equivale a 35 por cento dos delitos cometidos em todo o país.

Fonte: JA 

Em entrevista à Rádio Nacional de Angola (RNA), Ângelo da Veiga Tavares assegurou que grande parte dos crimes violentos é cometida por pessoas muito próximas às vítimas. Dados do primeiro trimestre indicam que 62 por cento dos homicídios voluntários, 87 por cento das ofensas corporais, algumas delas graves, e 60 por cento das violações foram cometidas por pessoas próximas às vítimas.
Ângelo da Veiga Tavares apelou a população a denunciar os criminosos, mesmo quando são integrantes da família, ao mesmo tempo que garante melhorar a comunicação entre as estruturas do Ministério do Interior e os cidadãos.

“Devemos ser um pouco mais excessivos do ponto de vista comunicacional, de Educação e garantir ao cidadão que a sua denúncia será salvaguardada”, disse o ministro, para sublinhar que a Polícia Nacional divulgou, há algum tempo, números para denúncias anónimas. Acrescentou que muitos casos são esclarecidos graças a algumas denúncias anónimas.

“Quando se fala de criminalidade, cingimo-nos às consequências e esquecemo-nos de abordar as causas e é aí que, em termos de prioridades, está centrada a acção do actual do Governo, na perspectiva de melhorarmos as estruturas das cidades, fundamentalmente, a iluminação”, disse o ministro. Alertou que, se estes problemas não forem ultrapassados, pode registar-se uma subida dos crimes.

“Há toda a necessidade de recurso às políticas de segurança pública para dar resposta aos crimes cometidos por marginais. Devemos também repensar um pouco mais a nossa sociedade, que começa a dar sinais claros de alguma desestruturação da família, de algum estado psicológico que requer uma abordagem mais profunda”, sublinhou.

O ministro anunciou a criação de centros integrados de segurança pública para cobrir o país.
“Estamos a trabalhar na legislação competente, para regular o sistema de vídeo vigilância e teremos, principalmente, as grandes cidades controladas”, disse, para acrescentar: “estamos a procurar dar um passo tecnológico maior”.

O ministro afirmou ainda que a crise que o país vive fez paralisar muitos projectos. “Presentemente, temos mais 40 infra-estruturas para concluir: policiais, prisionais, de bombeiros, Serviço de Migração e Estrangeiros (SME), etc. Só estão paralisadas devido à crise. Certamente, iriam corresponder à melhoria das expectativas, principalmente, a nível do sistema penitenciário”, declarou.

Outra estratégia apontada pelo ministro, para garantir a segurança pública, tem a ver com a criação dos serviços de vigilância comunitária. Prevista na legislação que regula as comissões de bairro, a estratégia está centrada no cidadão, que tem de saber o que se passa no bairro, quem são os frequentadores e ter a coragem de denunciar a conduta menos adequada dos cidadãos.

  • Excesso do SIC

Na entrevista, o ministro do Interior falou também do caso relacionado com o agente do Serviço de Investigação Criminal (SIC), filmado a disparar sobre um suposto meliante, quando este já estava dominado. O ministro reconheceu excesso do agente, apesar de a acção ter sido cometida num período de alta tensão, porque era no momento de uma operação contra marginais.

“Reiteramos aquilo que expressamos no nosso comunicado. Não podemos aceitar esse excesso, que, em termos de proporcionalidade, foi cometido pelo nosso agente”, disse Ângelo da Veiga Tavares.
O ministro lembrou, igualmente, o perigo que os agentes correm em confronto com os marginais. Para ilustrar, afirmou que, de 2013 até ao primeiro trimestre deste ano, morreram, por acção dos marginais, 103 polícias. 

“Todo aquele que continuar a fazer a vida recorrendo ao crime, com recurso a armas de fogo, tentando confrontar a polícia, corre esse risco de perder a vida”, disse.

  • Rota da droga

O ministro afirmou ainda que Angola é utilizada como rota de droga e que quase todos os dias, no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, são detidos, principalmente provenientes do Brasil, transportando drogas.

“Na semana passada, foi detido um indivíduo que vinha do Brasil, mas já utilizou a via Lisboa”, disse o ministro, para sublinhar que alguns cidadãos sul-africanos também procuram utilizar Angola, em trânsito para o seu país.

O consumo de droga em Angola, sublinhou, não é alto. “Consideramos sempre preocupação o mínimo que seja. Temos trabalhado e vamos procurar chegar àqueles que mais nos interessam, os barões. Esta é a nossa tarefa”, concluiu o ministro do Interior.

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