Uma deliberação saída da reunião convocada para a constituição de uma comissão de ministros para a “salvação” da Igreja Messiânica Mundial de Angola (IMMA), datada de 27 de Setembro do ano em curso, determinou o afastamento do seu líder, reverendo Cláudio Cristiano Pinheiro, por alegado desvio de mais de 2 biliões de kwanzas.
A comissão foi constituída com o apoio dos fiéis nacionais e mais de dois terços dos seus ministros alega que Cláudio Pinheiro não oferece condições morais ou religiosas para continuar à frente dos destinos da Igreja, devido aos crimes de que é acusado. A comissão fundamenta a decisão do afastamento do seu líder com o facto de ao longo dos nove anos de liderança a Igreja ter registado altos níveis de deserção de fiéis que procuram respostas sobre o destino das doações, dízimos e ofertórios colectados diariamente.
Nos últimos dias, a comissão tem-se desdobrado para alargar o apelo a todas as unidades religiosas espalhadas pelo país no sentido de salvar a igreja, depois das descobertas de desvios de fundos e de casos de afastamento compulsivo de ministros consagrados. Entretanto, o apelo para a “Salvação da IMMA” rapidamente teve adesão das unidades religiosas de Luanda e de mais de metade de das outras províncias. Eles fundamentam a fé em aprimoramento de Johrei como meio de cura e de elevação espiritual, caminho recomendado pelo fundador da Igreja, o japonês Meishu Sama, através do Trono de Kyoshu.
Sindicância e afastamento compulsivo
Contra o missionário, de nacionalidade brasileira, pendem acusações de não ter prestado contas nem admitido sindicâncias durante o seu mandato, “arrogando ser ele a própria Igreja”, segundo fonte deste jornal. É também acusado de ter afastado complusivamente das funções sacerdotais oito ministros desta congregação, privando-os de exercer a obra divina dentro e fora do país. A Cláudio Pinheiro são também feitas acusações de falta de transparência e omissão da verdade, falta de sinceridade, liderança autoritária e incompatibilidade no cumprimento dos estatutos da Igreja de que era líder. Os ministros afastados por ele foram acusados de agitação religiosa e desobediência ao líder, Cláudio Pinheiro, segundo uma nota emitida por si, com o nº 09/18, de 20 de Setembro último, a que OPAÍS teve acesso. Beny Faz tudo, um dos afastados afastados e membro da “Comissão da Salvação da IMMA”, em declarações a este jornal contou que os ministros convidados a abandonar as funções representam uma longa história da edificação do movimento messiânico em Angola, em particular, e em África em geral, desde 1991.
Audição
Missionários e seminaristas às ordens da fé messiânica são de opinião que os ministros hipoteticamente afastados deviam ser ouvidos por os seus vínculo com a igreja basearem-se em princípios indeterminados de fé. Eles contestam a destituição anunciada pelo brasileiro, argumentando que em nada serve para a unidade e o propósito de salvação dos messiânicos, e que, pelo menos, a decisão fosse tomada pela Igreja-mãe do Japão, em obediência aos postulados do Trono de Kyoshu.
A origem da crise
Os problemas da igreja tornaram-se públicos em finais de Julho e foram despoletados pelo ministro auto-demissionário Flávio Cabuço, num manifesto acusatório contra o presidente Claudio Pinheiro. Segundo Cabuço, para a salvação da fé messiânica os fiéis “devem agir com urgência, partindo para uma moção de censura destitutiva do brasileiro”. O desvio do fundo de pensão para ministros e funcionários, depositado no Net Bank, pela Seguradora Liberty Life, África do Sul, em 2004, constitui, também, um dos motivos de indignação dos fiéis que, a todo o custo, fazem o possível para ajudar a igreja, com base em colectas diárias.
Terrenos
O manifesto descreve também o comportamento do brasileiro como causa do pedido da restituição de terrenos pelos antigos possuidores e outros bens doados com base na fé na Igreja. São os casos do terreno onde funciona a Sede Central de África e os Johrei Center de Futungo de Belas e Maianga, apenas para citar estes. Refere o manifesto que desde que Pinheiro assumiu a presidência “apenas se arroga em negligenciar iniciativas de construção de infra-estruturas da Igreja, as únicas edificações existentes foram construídas com recursos extraordinários dos fiéis, com excepção da Sede Central e o Solo Sagrado de Cacuaco, por concluir. À semelhança de vezes anteriores, OPAÍS voltou a tentar contactar o reverendo Cláudio Pinheiro para se pronunciar sobre as acusações que pesam sobre si, mas sem sucesso, pois não se dignou em responder as várias chamadas e mensagens que lhe foram enviadas, remetendo-se, mais uma vez, ao silêncio.
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