Foto: Quintiliano dos Santos | Dulcineia Lufua | 11 de Maio 2020 às 09:07
Quatro horas da manhã de segunda-feira, 04, Alcino Francisco levanta-se da cama para mais uma jornada laboral. Antes mesmo do cantar do galo, faz-se à estrada numa viatura de marca Toyota Hiace. É taxista, e por isso olha constantemente para o relógio, pois, para ele, "tempo é kumbu". Minutos depois, quem entra para a viatura é Tony Mulato, seu companheiro de trabalho que desempenha a função de cobrador. O objectivo deles é facturar, como sempre.
A rota de actuação é Golfe/Multiperfil. Mas os dias hoje são diferentes. As ruas estão vazias. Desde 27 de Março - dia em que o país passou a observar o estado de emergência - que já não se vê tantos passageiros nas ruas. Agora, para «facturar» tem de se ter sorte e conhecer bem as paragens que ficam "lotadas". Os estudantes estão em casa, os comerciantes têm dias para circular e grande parte dos cidadãos deixaram de trabalhar para evitar a contaminação pelo novo coronavírus.
Além disso, há novas regras no "jogo". Agora, nada do habitual «emagrece aí, meu kota», do «empurra-empurra» ou de «lotar até na baúca». A Polícia está atenta. Os candongueiros só devem levar até seis passageiros por viagem, o equivalente a 50% da capacidade de lotação. E mais: as «mbayas» agora só até às 18 horas.
Alcino Francisco, que estava habituado a «facturar» mais de 20 mil kwanzas por dia, queixa-se agora de quedas nos lucros. Com a redução na lotação e no horário de trabalho, o rendimento diário passou de 20 mil para 8.500 kwanzas. Mas o patrão de Alcino não quer aceitar essa realidade.
"Depois do decreto sobre o estado de emergência, o meu boss [entenda-se patrão ou proprietário da viatura] não quis receber 8.500 kwanzas, que correspondem aos 50 por cento que facturámos. Após muitas discussões, chegámos a um consenso: passar a levar para o patrão a quantia de 12 mil kwanzas", conta.
Por se tratar de uma questão de saúde pública, Alcino Francisco garante que está a respeitar as medidas de prevenção recomendadas pelas autoridades sanitárias para fazer face à Covid-19.
"Só entra no candongueiro o passageiro que tiver uma máscara. Estamos a fazer um esforço fora do comum e a situação leva a que muitos colegas abram mão do horário do almoço para concluírem os valores dos patrões", explicou o automobilista.
Alcino Francisco não é o único taxista que reclama do actual contexto social. Como ele, estão outros milhares. Para se ter uma ideia, existem 40 mil taxistas em todo o país. Só em Luanda os candongueiros empregam perto de 20 mil jovens com idade entre 18 e 40 anos.
Quatro horas da manhã de segunda-feira, 04, Alcino Francisco levanta-se da cama para mais uma jornada laboral. Antes mesmo do cantar do galo, faz-se à estrada numa viatura de marca Toyota Hiace. É taxista, e por isso olha constantemente para o relógio, pois, para ele, "tempo é kumbu". Minutos depois, quem entra para a viatura é Tony Mulato, seu companheiro de trabalho que desempenha a função de cobrador. O objectivo deles é facturar, como sempre.
A rota de actuação é Golfe/Multiperfil. Mas os dias hoje são diferentes. As ruas estão vazias. Desde 27 de Março - dia em que o país passou a observar o estado de emergência - que já não se vê tantos passageiros nas ruas. Agora, para «facturar» tem de se ter sorte e conhecer bem as paragens que ficam "lotadas". Os estudantes estão em casa, os comerciantes têm dias para circular e grande parte dos cidadãos deixaram de trabalhar para evitar a contaminação pelo novo coronavírus.
Além disso, há novas regras no "jogo". Agora, nada do habitual «emagrece aí, meu kota», do «empurra-empurra» ou de «lotar até na baúca». A Polícia está atenta. Os candongueiros só devem levar até seis passageiros por viagem, o equivalente a 50% da capacidade de lotação. E mais: as «mbayas» agora só até às 18 horas.
Alcino Francisco, que estava habituado a «facturar» mais de 20 mil kwanzas por dia, queixa-se agora de quedas nos lucros. Com a redução na lotação e no horário de trabalho, o rendimento diário passou de 20 mil para 8.500 kwanzas. Mas o patrão de Alcino não quer aceitar essa realidade.
"Depois do decreto sobre o estado de emergência, o meu boss [entenda-se patrão ou proprietário da viatura] não quis receber 8.500 kwanzas, que correspondem aos 50 por cento que facturámos. Após muitas discussões, chegámos a um consenso: passar a levar para o patrão a quantia de 12 mil kwanzas", conta.
Por se tratar de uma questão de saúde pública, Alcino Francisco garante que está a respeitar as medidas de prevenção recomendadas pelas autoridades sanitárias para fazer face à Covid-19.
"Só entra no candongueiro o passageiro que tiver uma máscara. Estamos a fazer um esforço fora do comum e a situação leva a que muitos colegas abram mão do horário do almoço para concluírem os valores dos patrões", explicou o automobilista.
Alcino Francisco não é o único taxista que reclama do actual contexto social. Como ele, estão outros milhares. Para se ter uma ideia, existem 40 mil taxistas em todo o país. Só em Luanda os candongueiros empregam perto de 20 mil jovens com idade entre 18 e 40 anos.
Fonte: Novo Jornal
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