Aos 24 anos de idade, Imerson Nassone João torna-se no mais jovem engenheiro de petróleos angolano, formado numa das Universidades do Estado do Louisiana, nos Estudos Unidos da América com a mais alta distinção. Em entrevista a OPAÍS, via Internet, o estudante, que finalizou com uma média equivalente a 19,75, contou que pretende regressar ao país a fim de, enquadrado no sector petrolífero, procurar métodos de exploração menos prejudiciais para o meio ambiente.
Fonte: O País.- Como é que foi estudar nos Estados Unidos da América?
Vim para os Estados Unidos da América estudar para aprender o Inglês e ter uma experiência sócio-cultural com aquela que é a maior potência mundial. Não fiquei decepcionado. Estudar nos Estados Unidos foi uma experiência para lá do incrível. Aprendi a observar e a envolver-me na “sede” de inovação de cada indivíduo nesta sociedade. Conheci professores excelentes que visam fazer melhores alunos na base do respeito e harmonia. Conheci pessoas inteligentes, criativas e com focos bem firmes e tornamo-nos amigos. Para mim, isso inspirou- me bastante. Foi uma oportunidade de que ficarei sempre muito orgulhoso e feliz .
- O que determinou a opção pela formação no sector petrolífero?
O que mais determinou a opção de formação no sector petrolífero é o facto de o mundo precisar de melhores meios de obtenção de energia. Sem ela não vivemos e não teríamos o avanço que fomos capazes de obter até hoje (ir à lua, transportes rápidos, globalização, etc.). Porém, encontro-me consciente pelo mal que trazemos ao planeta emitindo gases e pela forma como obtemos o petróleo. Por isso pensei em actuar por dentro do sector petrolífero, para procurar maneiras menos prejudiciais para o meio ambiente e liderar, rumo à partilha de ambos os sectores de energia, não-renovável e renovável, algo que pretendo realizar se um dia tiver a oportunidade para tal. Por outro lado, o facto de Angola ser um dos maiores produtores de petróleo do mundo, influenciou-me muito. Presenciar uma melhor distribuição de receitas obtidas por meio do petróleo no nosso país é um sonho que gostaria de ver concretizar- se. Pode parecer ironia, mas gostaria de ver uma economia Angolana menos dependente do Petróleo. Eis um dos meus principais sonhos para o nosso país.
- E a opção de Literatura Francesa?
Quanto à opção Literatura Francesa foi muito pelo facto de que sempre admirei as artes. E a literatura, para mim, sempre foi um meio de expressão muito especial. De princípio, achava não tão especial assim, mas à medida que fui crescendo, fui vendo o quão importante é no ramo sociocultural.
Fala de Angola com muito orgulho, vê-se a voltar para Angola? Em que pretende trabalhar?
Sim, vejo-me totalmente a voltar para Angola. Estou agora mesmo no processo de repatriar os meus bens para voltar para Angola. Após tudo, Angola precisa de mão-de-obra. Pretendo trabalhar no sector petrolífero e, assim, começar a minha carreira com muito amor.
- Recebeu propostas para ficar a trabalhar nos EUA?
Não recebi propostas para trabalhar nos EUA como Engenheiro, recebi é uma para continuar o mestrado e trabalhar no sector de pesquisa de universidades, sendo ao mesmo tempo um aluno de Mestrado. Mas nada ligado a Engenharia.
- O que foi que determinou e distinção da sua formação? Em que é que foi diferente?
O que mais determinou a distinção da formação penso que foi Deus, em primeiro lugar, e o apoio da família, namorada e amigos em geral. Isso tudo cativou-me bastante para dar o meu melhor e estudar com convicção. Mas uma coisa que não devo esquecer é o meio de aprendizagem da universidade. É baseado em respeito mútuo entre alunos e professores. Desejo de inovação e amor à carreira. Os professores são excelentes e procuram sempre, com amor, levar os seus alunos a excederem as expectativas. Isso para mim é incrível. Dá-me vontade de terminar como professor um dia.
- Fale um pouco sobre as valências da sua área de formação…
O ramo petrolífero é um dos mais importantes, se não for o mais importante, no dinamismo do desenvolvimento actual. Estima-se que 83% da energia mundial é dependente do ramo petrolífero. E, tal estimativa, não descerá tão cedo. Por isso, é importante que meios mais efectivos e eficientes de produção e distribuição de petróleo sejam atingidos. Com isso, quero dizer que o que o ramo petrolífero faz é de alta importância. É uma “bênção” que sejamos produtores de matéria-prima de tão alta importância. Porém, tal produção e distribuição deve ser feita de maneira a que não matemos o planeta. Por isso friso, sempre, que devemos procurar melhores meios, mais eficazes e compartilhar a distribuição de energia com outros sectores de energia como, as energias renováveis. Por outro lado, com a receita arrecadada deste sector, seria bom que se fizessem infra-estruturas, diversificação da economia e, sobretudo, o desenvolvimento do sector agrícola em Angola. Vemos então que o futuro de Angola não dependerá do sector petrolífero. E nós estamos lá para isso. Por outro lado, as artes não devem ser esquecidas. A cultura deve ser promovida. A história deve ser escrita e apresentada às gerações futuras. O espírito patriótico deve ser promovido através das artes. Razão por que estimo muito a minha formação ligada à Literatura Francesa.
- Perfil
Imerson Fernando Nassone João, de 24 anos, nasceu a 24 de Junho de 1993. Filho de Nassone João e de Paula Fernando Nassone. Fez o ensino primário e secundário na escola SOS do Lubango, parte do ensino médio (9ª classe) no colégio 123 (2008), no Lubango, no College La Corniche (2008-2010), em Abidjan, (Costa do Marfim) e na Jacques Prévert (2010- 2011) no Ghana. Fez o ensino superior na LSU (2012-2018), Baton- Rouge, Louisiana (EUA). Trabalhou como tutor/ explicador de Física, Cálculos I e II, Francês e Engenharia de Fluidos, no Centro de Tutor, no Center for Academoc Success, bem como assistente de Aprendizagem para alunos de Física departamento de Física da LSU.
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