O secretário executivo da CASA-CE em Benguela, Francisco Viena, diz que a coligação liderada por Abel Chivukuvuku deixou de ser um “instrumento viável” para a realização de Angola e dos angolanos. Com a ruptura, Viena comunica que se vai dedicar à advocacia e à actividade empresarial.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela
Francisco Viena, que nos últimos seis anos dirigiu os destinos da CASA- CE em Benguela, anunciou Quarta-feira, 23, em conferência de imprensa, decisão de romper, em definitivo, com esta coligação de partidos a que, agora, acusa de falta de perspectiva, porque, segundo sustentou, os propósitos políticos para os quais foi concebida já não são os mesmos. “Quando abrimos a CASA-CE tínhamos todos a consciência de que se transformaria num partido político na sequência da sua fusão, um novo ente político partidário, que congregasse todas as vontades e sensibilidade afectas à coligação”, disse.
Acrescentou que, caso se concretizasse esse propósito, conferir- se-ia à organização uma certa “estabilização, desencadeando caminhos para a realização de Angola e dos angolanos”, no quadro das linhas orientadoras e programáticas, proclamadas no I congresso constituinte da agremiação política. Não tendo havido transformação, segundo a fonte, esta organização política não tem hoje condições para corresponder às expectativas dos angolanos. “Passou a ser uma entidade reduzida a um grupo, pequenino, grupo esse que não está interessado em perceber os objectivos. Quem diz isso não é o político Francisco Viena, são os milhares de angolanos independentes”, desabafou.
Informou que antes de rumar para a CASA-CE e se juntar à causa de Abel esteve à frente do Bloco Democrático na província de Benguela, partido que se juntou mais tarde a esta frente política coligada. “Havia discussões internas no sentido de viabilizar a transformação da CASA-CE em partido político. Surgiram acordo de princípios, de harmonização”, recordou Francisco Viena. Com base nestes acordos, todos os partidos políticos que integram a coligação realizaram os respectivos congressos, que permitiriam, a seguir, à realização do congresso da CASA-CE, obter as condições jurídicas e políticas necessárias para se proceder à transformação em sede do Tribunal Constitucional(TC). Entretanto, quando tudo se conjugava para tal desiderato, de acordo com a fonte, os próprios líderes dos partidos coligados surpreenderam o presidente da coligação tendo escrito para o TC a manifestar desinteresse.
Património e subsídio
Questionado sobre o património da coligação que deixa e que esteve sob sua gestão, o político respondeu que a CASA-CE “não tem nada”, e o pouquíssimo que tinha já devolveu, sendo duas viaturas, realçando que parte do mobiliário é seu e que já o removeu da sede. Explicou que em termos de subsídios o Secretariado Executivo Provincial de Benguela, recebia trimestralmente 800 mil kwanzas, montante considerado irrisório para trabalhar numa província como é a de Benguela.
Corrida na sucessão de Viena
Martins Domingos, um conhecido jovem político de Benguela, nunca escondeu o desejo de liderar a CASACE em Benguela. Reagindo à pretensão manifestada por Viena, o também dirigente da CASA acusa o seu antigo chefe de falta “de capacidade de mobilização e gestão”, daí que, no seu ponto de vista, resolvesse abandonar uma CASA- CE que “tem tudo para dar certo”. Na comunicação à imprensa, Francisco Viena avançou como seu possível substituto o dirigente do Bloco Democrático local. Todavia, Martins Domingos, que responde pelo PADA, um dos partidos coligados, admite ser o secretário provincial, embora reconheça favoritismo do Bloco Democrático, no quadro dos instrumentos internos.
Fonte: O País
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