quarta-feira, 3 de outubro de 2018

OPERAÇÃO TRANSPARÊNCIA ARRASA GARIMPEIROS E COMPRADORES DE DIAMANTES



Alguns dos proprietários das casas de compra de diamantes do Lucapa, província da Lunda-Norte, dizem estar a ser vítimas de injustiça por, alegadamente, estarem legais. Entretanto, a direcção do Posto de Comando da “Operação Transparência” promete esclarecer o assunto, em conferência de imprensa, na Sexta-feira.

Milhares de Dólares, de Euros e de Kwanzas e três mil pedras de diamantes estão entre os bens apreendidos em Lucapa, na Lunda-Norte, pelos efectivos das forças de defesa e segurança que participam, desde a semana passada, na “Operação Transparência”. Esta operação, que visa pôr fim ao garimpo ilegal de diamantes nas províncias de Malanje, Lunda- Norte, Lunda-Sul, Bié, Moxico e Uíge, está a ser desenvolvida por efectivos das Polícia Nacional e das Forças Armadas Angolanas. Para esclarecer a opinião pública nacional e internacional sobre os resultados preliminares dessa “empreitada”, os responsáveis do Posto do Comando Central da Operação realizarão na Sexta-feira, 5, uma conferência de imprensa, revelou a OPAÍS o seu porta-voz, comissário António José Bernardo “Tony Bernardo”.

Até ao momento, foram detidos 103 cidadãos estrangeiros de diferentes nacionalidades que se dedicavam à extracção e compra ilegal deste mineiro. Alguns, de nacionalidade congolesa, foram flagrados com falsos Bilhetes de Identidade angolanos. Apesar de ter o seu “quartel-general” sedeado em Malanje, a operação está a ser coordenada pelo general Pedro Sebastião, Ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, a partir de Luanda. A mesma resulta de uma orientação do Chefe de Estado, João Lourenço, com vista combater a imigração ilegal e a preservar este recurso não renovável nas provinciais supracitadas. Como prova do impacto positivo da operação, vazaram pelas redes sociais, ontem, diversas imagens de cidadãos nacionais e estrangeiros detidos por tais crimes, de elevadas quantias monetárias em moedas estrangeiras e nacional lacradas, viaturas, entre outros bens. “Boss Wissam. Ya Mukolo – Homem Forte. Lucapa” lê-se na lateral de uma das viaturas aprendidas que carrega a imagem do rosto de uma cidadão que se supõe ser estrangeiro. Na esperança de obter mais informações sobre o assunto, a equipa de reportagem de OPAÍS contactou, via telefónica, o alegado proprietário da referida viatura de marca Toyota, modelo Land Cruiser, de cor branca, que tem o seu número de telefone timbrado na chaparia.

Compradores de diamantes dizem- se injustiçados


O nosso interlocutor, que se apresentou como sendo o Boss Wissam, o homem forte, confirmou ser o proprietário da referida viatura. Entretanto, a sua imagem é completamente diferente da estampada no carro. “Há uma comissão, aqui no Lucapa (Lunda-Norte), cujos membros entraram em nossas casas e retiraram os nossos bens”, afirmou o cidadão envolvido no negócio dos diamantes que se considera injustiçado. Para sustentar tal tese, disse que tanto ele, como alguns dos seus colegas que estão detidos têm licenças de compra e venda de diamantes emitidas pelo Governo. “Eles disseram que estão a cumprir uma ordem superior, que não sei se veio de onde, para apreender tudo o que se encontra nas casas de compra de diamante”, frisou. Disse que alguns dos seus colaboradores foram detidos, na ocasião, e transferidos das celas da esquadra do Lucapa para as do Comando Provincial da Polícia Nacional na Lunda-Norte, sedeado no Dundo, capital da província. “Conforme aparecem nas imagens que circulam nas redes sociais, os de raça branca estão detidos no Dundo, mas são pessoas legais”, frisou.

Segundo ele, os efectivos da referida comissão deixaram apenas cerca de 400 motorizadas e mais de 50 viaturas de diferentes marcas e cilindradas apreendidas no Comando Municipal da Polícia Nacional do Lucapa. Foram ainda apreendidas dragas de diamantes e encerradas diversas residências de compra de diamantes nas províncias de Malanje e Lunda-Norte. Indagado sobre se além da viatura em causa é também o proprietário dos valores monetários apreendidos, negou, reafirmando que o meio rolante é o seu único bem que passou pelo “filtro” da Operação Transparência. “Nas outras casas levaram dinheiro, diamantes, lâmpadas e alguns meios. Conforme estás a ver nas imagens”, declarou. Solicitado a esclarecer a data de emissão da licença e quem é o seu emissor, disse não estar em condições de prestar tal informação no momento. No entanto, prometeu que iria consultar e depois retomaria a entrevista telefónica. O que não aconteceu e já não voltou a atender às nossas chamadas até ao fecho da presente edição. A designação de boss parece representar um estatuto para os proprietários das empresas que se dedicam a essa actividade. Em outras viaturas apreendidas pela Polícia, a publicidade de que pertencem a um individuo que responde pela alcunha de “Boss Clemani”, escrita em letras garrafais a preto e vermelho, tanto nas laterais como no capô, não passa despercebida. A Operação decorrerá até 2020.

OPAIS

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