
Foto: DR/Arquivo NJOnline
Os Caminhos-de-Ferro de Moçâmedes (CFM), onde a 04 de Setembro morreram 18 pessoas vítimas da colisão entre duas composições, são um perigo permanente para quem neles circula porque a falta energia em 19 das 54 estações do traçado de 860 quilómetros que liga Moçâmedes, no Namibe, a Menongue, no Kuando Kubango, impede uma comunicação eficaz sobre a localização dos comboios.
O alerta foi lançado por António Cabral, administrador dos CFM, durante uma visita que o ministro dos Transportes, Ricardo d"Abreu, efectuou à empresa, no Lubango, Huíla.O responsável dos CFM explicou que a falta de segurança resulta da impossibilidade de comunicação rápida entre estações devido à inexistência de energia eléctrica em 19 das 54 estações do traçado, que, aquando da sua reconstrução, foi equipado com um sistema de fibra óptica, tendo, na altura, sido dada prioridade às principais, situadas nas capitais das províncias que os CFM servem: Namíbe, Huíla e Kuando Kubango.
Os CFM começaram a ser construídos em 1905 pelo então regime colonial português e em 1963 alcançaram a sua actual esxtensão, mas, durante o conflito armado, estiveram inactivos por longos períodos, tendo a sua reconstrução sido iniciada em 2006 e terminada em 2012, por uma empresa chinesa, com um custo estimado em 1,2 mil milhões de dólares, igualmente financiados por Pequim.
António Cabral acrescentou ainda, citado pela Angop, que, por causa da inexistência de energia de rede nas 19 referidas estações, as comunicações são, em parte, feitas através da rede da móvel da Unitel e um sistema de radiocomunicações VHF, entre o Lubango e Caraculo, no Namibe.
Tragédia a 04 de Setembro
O acidente mais recente nesta linha provocou 18 mortos, entre angolanos e chineses que integravam as equipas de manutenção da linha, a 04 de Setembro.
Uma composição que transportava equipas de manutenção da linha, e uma de carga, com granito, que seguia para o porto do Namibe, chocaram próximo da Bibala (Namibe) e, segundo se veio a apurar posteriormente, foi consequência de uma falha de comunicação entre estações, na qual teve um papel de primeira linha uma falha humana.
A circulação só veio a ser retomada cerca de uma semana depois.
Apesar de o inquérito subsequente ter determinado um erro humano como razão para o acidente, a inexistência de um sistema de comunicação rápido e eficaz, não foi descartado como tendo também alguma responsabilidade no sucedido
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