João Lourenço diz que fez mais do que era esperado em Angola
DW África – Nesta visita, pediu aos investidores o fornecimento de embarcações de guerra para a marinha angolana e outros meios electrónicos. Será que a Alemanha vai ajudar, apesar de já ter havido críticas quanto a este assunto no passado?
João Lourenço: Eu estive aqui em 2014, na condição de ministro da Defesa, e, nessa altura, procurávamos conseguir a aquisição dessas embarcações aqui a partir da Alemanha. Por razões de diversa ordem, sobretudo, da conjuntura interna alemã, alemã e não só, e mesmo, digamos, da própria União Europeia, não foi possível, naquela altura. Mas nós estamos absolutamente convencidos de que, agora, os constrangimentos que existiam foram ultrapassados. A própria chanceler federal Angela Merkel, ontem (quarta-feira) na conferência de imprensa, depois do almoço de trabalho que tivemos, ela faz referência a isso, sem receio absolutamente nenhum das reacções que a imprensa pudesse ter, o que significa dizer que os constrangimentos do passado estão ultrapassados e, sim, o Estado alemão vai apoiar os estaleiros navais de Kiel, que, em princípio, serão os que vão fornecer as embarcações a Angola.
DW África – Falando do ambiente de negócios em Angola, a empresária Isabel dos Santos disse, recentemente, que Angola é pouco atractiva para os investidores estrangeiros e citou, nomeadamente, a falta de divisas. O que pensa sobre essa crítica?
João Lourenço: Eu não queria entrar em mesquinhices deste tipo, de uma cidadã que, sendo nacional, desencoraja o investimento para o seu próprio país. É o único comentário que eu tenho a fazer.
DW África – Disse no Parlamento Europeu, em Julho, que Angola estava numa cruzada contra a corrupção e a impunidade. Quais serão os próximos passos nessa cruzada?
João Lourenço: Os próximos passos é seguir a mesma trajectória que já foi delineada, que foi traçada. Sabe que nesta luta há acções que dependem não apenas do poder político. O poder político está a fazer a sua parte. Há outra parte que depende dos cidadãos, que devem denunciar, e há uma parte muito importante, em qualquer democracia que depende da Justiça. E, aí, eu não posso interferir, eu não posso dizer exactamente o que a Justiça vai fazer. Só sei dizer que alguns casos já estão com a Justiça, e qual será o desfecho, daqui para frente, só eles próprios poderão dizer.
DW África – O repatriamento de capitais já começou?
João Lourenço: Não, nem podia ter começado, porque, como sabe, a lei estabelecia um prazo que só vence no final deste ano, creio que em Dezembro. Portanto, antes desse período, não é de se esperar que comece.
DW África – Faz esta quinta-feira um ano que o MPLA venceu as eleições e que foi eleito como Presidente da República. Conseguiu fazer tudo o que queria fazer até aqui?
João Lourenço: Em 11 meses, não é possível fazer-se o que deve ser feito num mandato de cinco anos. Eu considero, modéstia à parte, que, em 11 meses, muito foi feito. Pode-se mesmo dizer que mais do que era esperado. Um conjunto de medidas corajosas que uma boa parte das pessoas pensava não ser possível fazer-se neste período inicial de arranque do meu mandato. E, talvez, esperassem que acontecesse para o terceiro ano do mandato, mas, felizmente, consegui fazer com sucesso nesses primeiros 11 meses.
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