terça-feira, 12 de março de 2019

Queda de avião na Etiópia. O atraso que salvou dois homens e as histórias das vítimas

Antonis Mavropoulos não encontrou a porta de embarque. Ahmed Khalid perdeu a ligação para Addis Abeba. Salvaram-se. O mesmo não aconteceu a toda a família do deputado estónio Anton Hrnko.



A raiva passou a alívio em alguns minutos. Antonis Mavropoulos, grego, queixava-se aos responsáveis do aeroporto de Addis Abeba de que ninguém lhe soubera indicar a porta de embarque para o voo ET 302 e por isso o perdera. Ao mesmo tempo, o queniano Ahmed Khalid protestava porque o voo de ligação vindo do Dubai atrasara-se o suficiente para perder a mesma viagem.
Ambos souberam minutos depois que o avião do ET 302 se despenhara logo após a descolagem. As 157 pessoas que seguiam a bordo, a caminho de Nairobi, morreram. Ahmed Khalid viu a notícia no telemóvel já sentado no voo seguinte para o mesmo destino. Antonis Mavropoulos foi avisado pelos seguranças do lounge do aeroporto.
O pai de Ahmed Khalid, Khalid Ali Abdulrahman, chegou a temer pela vida do filho. Sem saber do atraso de Ahmed no Dubai, Abdulrahman foi esperar o filho ao aeroporto de Nairobi. Os responsáveis do aeroporto informaram-no, como explicou ao The National, que o filho não ia chegar: “Pedi a um segurança que me indicasse onde eram as chegadas. Ele perguntou de onde vinha o voo. Eu disse que era o da Ethiophian Airlines e ele respondeu: ‘Desculpe, mas esse despenhou-se.’” Ahmed Khalid telefonou ao pai a tempo de o acalmar.
Antonis Mavropoulos seguia para uma conferência das Nações Unidas no Quénia. “Estava muito zangado, porque ninguém me ajudou a chegar à porta de embarque a tempo. Levaram-me para um lounge para aguardar pelo próximo voo, mas depois fui informado por dois agentes que o avião não iria partir“, explicou num post no Facebook na segunda-feira, 11 de março de 2019. Enquanto reclamava com os agentes, foi levado para a esquadra da polícia do aeroporto, onde lhe disseram “para não protestar, mas para orar”, agradecendo por estar vivo.
Os atrasos fizeram com que estes dois homens não engrossassem o número das vítimas mortais: 157, todas as que embarcaram no Boeing 737 MAX 8, com 30 nacionalidades. 32 são do Quénia, 18 do Canadá, nove da Etiópia, oito da China, oito de Itália, oito dos EUA, sete do Reino Unido, sete de França, seis do Egito, cinco da Alemanha, quatro da Índia, quatro da Eslováquia, três da Áustria, três da Rússia, três da Suécia, dois de Espanha, dois de Israel, dois de Marrocos e dois da Polónia.
Fonte: Observador

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