quinta-feira, 21 de junho de 2018

JOSEPH KABILA INVIABILIZA CIMEIRA TRIPARTIDA EM LUANDA



A ausência do Presidente Joseph Kabila inviabilizou a realização, no último domingo, de uma cimeira que em Luanda deveria juntar a ele e os presidentes de Angola, João lourenço, e da República do Congo, dennis Sassou Nguesso


Fonte: O País, POR: Mário Monteiro

Fonte familiarizada com este dossier disse a OPAÍS que Joseph Kabila cancelou a sua vinda a Luanda, o que levou o Presidente Sassou Nguesso a fazer o mesmo . Terça-feira, Joseph Kabila enviou um emissário à capital angolana, o qual apresentou às autoridades angolanas as razões do cancelamento da sua vinda . A cimeira de Luanda enquadra- se nos esforços dos países da região no sentido de ajudarem a RDC a sair da crise. Recentemente, Kinshasa manifestou algum mal-estar em relação a um pronunciamento feito pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, no termo de uma audiência com o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, que também ocupa a presidência da União Africana.

Macron recebeu Kagame a 23 de Maio, tendo dito, na altura, que levava em boa conta a iniciativa levada a cabo pela União Africana, a qual tinha Angola como âncora. Lambert Mende, porta-voz do Governo de Kinshasa, disse que as declarações de Macron tinham causado desconforto, ou, se quisermos, insatisfação. O porta-voz de Kabila disse que o seu Governo não estava a acusar Macron de coisa alguma, mas estava preocupado com o que tinha sido tratado à porta fechada, entre ele e Paul Kagame, com cujo Governo, não se entende. “Ninguém deve projectar uma solução para nós sem a nossa presença”. Acrescentou que Kinshasa condenava aqueles que sentem nostalgia em relação ao poder colonial e promovem reuniões à porta-fechada para conspirarem contra a nossa soberania”. Dois dias depois, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da RDC convocou os embaixadores de Angola na RDC e do Ruanda.

A convocatória do embaixador de Angola, José João Manuel “Jota” está associada não só ao que Macron disse na audiência com Kagame, assim como pelo facto de o Presidente João Lourenço se ter encontrado, na altura, a caminho de Paris. Numa declaração que fez na capital francesa a 29 de Maio, João Lourenço disse que Angola e o Ruanda têm conversado sobre a situação na RDC e a importância do cumprimento do acordo de São Silvestre, o qual contempla a saída de Kabila tão logo seja conhecido o vencedor das eleições agora marcadas para 23 de Dezembro próximo. “As conversas havidas entre o Presidente Kagame e o Presidente Macron não foram feitas às escondidas. São questões tratadas nas cimeiras em que nós nos encontramos e a única matéria que nós tratamos sobre a RDC, não é nenhuma conspiração. Antes pelo contrário, é a necessidade de levar o Presidente Kabila a respeitar os acordos de São Silvestre. Nessa altura já estava prevista a deslocação a Luanda de Joseph Kabila, e que deveria ter tido lugar no último fim-de-semana.

Incumprimentos atribuídos na sua maioria ao partido governamental e ao Presidente Kabila, resultaram na realização de eleições, primeiro previstas para 2017 e na implementação de fases do acordo que deverão desembocar nas eleições de Dezembro próximo. Em resultado disso, assistiuse a uma agudização da crise na RDC, consubstanciada na eclosão de conflitos no Kasai Central e na ocorrência de repetidas manifestações em Kinshasa e noutras cidades do país. Fontes diplomáticas em Kinshasa, Luanda, Paris e Bruxelas referem que Kinshasa começou a tergiversar ainda mais após o Tribunal Penal Internacional ter absolvido e ordenado a libertação do antigo líder rebelde, Jean-Pierre Bemba (JPB). Condenado em primeira instância por crimes de guerra e contra a humanidade alegadamente cometidos na RCA, JPB, viu-se restituído à liberdade após a secção de recurso ter concluído que os “erros cometidos pela primeira instância removeram completamente a sua responsabilidade penal”. Detido há 10 anos em Haia, JPB cumpria uma pena de 18 anos de prisão. A preocupação de Kinshasa prende-se com uma alegada “conexão lusófona”, pois Jean- Pierre Bemba é casado com uma portuguesa, cujo governo em 2007 interveio para a sua saída da capital da RDC em segurança, após o acordo que fazia dele vice-presidente de Joseph Kabila.

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