O crime que chocou o bairro Mundial, no município de Belas, em Luanda, aconteceu na madrugada de Domingo, quando dois marginais armados invadiram uma residência, dispararam contra o chefe da família, maltrataram a família e roubaram os seus haveres
A zona da Praça Antiga, perto do Colégio Jamar, no bairro Mundial, apesar de ser calma e ter energia eléctrica, registou, na madrugada de Domingo, um crime hediondo que deixou os moradores indignados. Um casal que aparentemente não tinha problemas com ninguém, tal como disse, em exclusivo ao jornal OPAÍS, um dos cunhados da vítima mortal, identificado por Chinho, foi surpreendido por dois marginais armados, com o objectivo de “matar”. Chinho revela que os dois meliantes entraram na residência pela parte de trás, por volta das 2 horas da madrugada, sem arrombar a porta, situação que levanta desconfianças, e surpreenderam o casal que se encontrava no quarto. “Não queremos nada, só viemos para matar”, foram as palavras que os delinquentes faziam questão de enfatizar. Apesar de terem dito que o objectivo que os levou a invadir a residência era tirar a vida, os meliantes desarrumaram a casa toda, até que encontraram uma catana, objecto que usaram para agredir o casal.Todo o momento de terror era desenrolado enquanto os filhos do casal, de onze e quatro anos permaneciam trancados no quarto, onde tinham sido postos pelos meliantes. Carlos de Oliveira, de 31 anos, a vítima mortal, pouco antes de receber dois disparos nas costelas, no lado esquerdo do peito, tentou evitar que os meliantes agredissem a sua mulher com catana, mas não teve sucesso. A mulher, T. J., de 33 anos, foi espancada e abusada. Ainda implorou que não fizessem mal à sua família, que não tinham dinheiro, e que os meliantes podiam levar as chaves dos dois carros que tinham em casa, mas estes diziam sempre que só estavam ali para matar. Fizeram os dois tiros. O sangue de Carlos de Oliveira derramava- se no chão da sala, os filhos choravam, a mulher pedia por socorro e ninguém apareceu para acudir. Duas horas depois, os meliantes decidiram sair da sala, levando os cartões multicaixa e cinco telefones.
Tão logo os meliantes saíram da sala, como nos conta Chinho, T. J. a pensar que estes tinham abandonado a casa, envidou esforços para socorrer o marido, que ainda estava em vida. Para sua tristeza, deparou-se com os mesmos cidadãos armados no quintal, regressados para terminar o trabalho. Pegaram no tapete da sala e asfixiaram Carlos até perder a vida. “A minha prima ainda suplicou que lhes poupassem as vidas, tanto a do marido, quanto a dela, tendo invocado os dois filhos que têm para cuidar, mas ainda assim a maldade dos meliantes falou mais alto. Eles abandonaram o local quando eram cinco horas.
Encontramos a nossa prima sem a roupa dela, só com a t-shirt do marido, e uma vizinha é quem teve de lhe dar um pano para cobrir-se, pelo que acreditamos que tenha sido abusada”, conta. A mulher de Carlos, ontem, encontrava-se aterrorizada e a receber cuidados médicos, por causa dos hematomas resultantes das agressões sofridas. A polícia investiga o caso e já teve a oportunidade de ouvir T. J., pelo que esta, aquando da audiência, segundo o entrevistado, terá referido os abusos e agressões que sofreu. O casal vivia maritalmente no bairro Mundial há quatro anos, e a mulher da vítima mortal, T. J., faz hoje 34 anos de idade. O dia que devia ser de alegria, por mais um aniversário, será de tristeza, pois terá que tratar do enterro do seu esposo.
Fonte: O País, POR: Romão Brandão
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