quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Agente que matou mãe e filha em Viana na lista dos expulsos da corporação




Foto: Adjali Paulo | GF


O agente da Polícia Nacional que disparou mortalmente contra Marcelina António, de 47 anos, e Dina José Muginga, de 20, respectivamente mãe e filha, no município de Viana, no bairro Caop B, em Luanda, foi expulso da corporação no início da manhã desta terça-feira, 18, pelo comandante-geral da Polícia Nacional (PN) comissário-geral, Paulo de Almeida.

Foi igualmente expulso o agente da PN, colocado do Comando Municipal do Kilamba Kiaxi, que assassinou uma criança de 13 anos com um tiro de AKM 47 na cabeça, durante uma discussão com zungueiras na via pública.

"Aos nossos colegas, eu sinto muito, não é orgulho, e estive toda noite a pensar o que é posso fazer por vocês. Vocês passaram meses e meses a fazer uma preparação, sacrificaram-se, para, em actos impensados, perderem toda uma carreira que podia ser muito frutuosa na vossa vida", lamentou Paulo de Almeida.

O comandante-geral da Polícia Nacional , que falava no acto de expulsão de 10 agentes da PN, e de despromoção de outros seis, salientou ainda que os agentes expulsos "não são inúteis", garantido que os ex-efectivos da PN "vão passar por um tratamento com especialistas na área de psicologia".

"Eles (os agentes) vão trabalhar com psicólogos. Não somos deuses, mas também temos que ter em consideração que são cidadãos angolanos", disse, acrescentando que os mesmos não podem estar na PN porque lá castigam.

"Nos castigamos, na nossa corporação não podem estar, mas especialistas ligados à corporação vão trabalhar convosco para recuperar as vossas mentalidades", esclareceu.

"Tenho recebido muitas informações sobre a actuação de muitos camaradas na via pública, complicam, complicam, procuram documentos, exigem documentos que não existem, só para as pessoas largarem algum valor", afirmou.

"Quero recomendar aqui aos órgãos inspectivos, às unidades e aos responsáveis, para estarem mais vigilantes e cumprirem com as missões de vigilância e inspecção".

O comandante-geral fez menção a casos da Unidade de Trânsito, acusada de vários actos de corrupção na via pública.

"Antes falava-se muito dos agentes de trânsito, mas eles continuam. E hoje também a Ordem Pública está a fazer "yulas". É melhor pararem, párem já", avisou.

"Eu, às vezes, vejo na zona de Talatona alguns polícias que não sei porquê interpelam o cidadão, sobretudo automobilistas, pedem mais documentos, às vezes nem sabem o que estão a pedir. Eu estou a chamar atenção para que os cidadãos fiquem mais atentos a estas situações irregulares que não são mandatadas por nós".

O comissário-chefe aconselhou os efectivos presentes a pautarem-se por uma conduta digna e manterem a postura.

"Aos outros camaradas, é muito bonito ser polícia, vejo-vos aqui todos bonitos, mas a nossa boniteza vem da nossa disciplina, vem da nossa ética, do nosso atavio, do nosso exemplo, da nossa missão. Esta é a nossa boniteza", aconselhou.

"Não percam esta oportunidade de ser agentes da autoridade, autoridade para resgatar os nossos valores, estamos numa missão muito importante, a da reconstituição do nosso Estado como Estado de bem... e temos de saber salvaguardar esta imagem do nosso Estado, não percam esta oportunidade", avisou.

O comandante reconheceu ainda os obstáculos que muitos agentes têm enfrentado no seu dia-dia, lembrando, no entanto, que o caminho do crime não é a solução.

"Sei que há muitas dificuldades, temos muitas complicações, mas elas não podem justificar a solução com actos criminais ou de indisciplina".

"Vamos saber trabalhar, vamos cumprir com os regulamentos, com as normas e, acima de tudo, nós também somos cidadãos e estamos sujeitos à lei", realçou.

No final do encontro, Paulo de Almeida apelou aos cidadãos para não combaterem nem enfrentarem a polícia porque ela é a salvaguarda da população.

"Ao público em geral sabemos que nem sempre as medidas policiais são agradáveis, manter, garantir e impor a ordem nem sempre é agradável para o cidadão. Mas eu quero pedir-vos, caros cidadãos, respeito. E sempre que estiverem perante situações difíceis, não combatam, não enfrentem a polícia, porque ela é a vossa salvaguarda, devem sim participar às unidades, aos postos e as autoridades policiais", apelou, sublinhando que o Comando Geral da Polícia Nacional está a fazer os possíveis para melhorar o atendimento nos postos e esquadras policiais.

"Sabemos que o atendimento às vezes tem sido péssimo e deficiente, temos consciência disso. Mas estamos a trabalhar para melhorar e estamos a trabalhar também para resgatar a nossa imagem", finalizou.

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