A Associação Justiça Paz e Democracia (AJPD) volta à carga no caso da empresa com ligações a Isabel dos Santos, que na Bélgica é alvo de um processo de investigação do desvio de cerca de oito mil milhões de dólares dos diamantes angolanos que passavam como oriundos do Dubai, requerendo uma resposta à carta enviada ao Presidente da República no passado mês de Junho .
Segundo a presidente da AJPD, Lúcia da Silveira, a carta enviada em Junho questionava o Chefe de Estado sobre se "Angola já tomou alguma medida para recuperar cerca de oito mil milhões de dólares, decorrentes de uma acção judicial contra a empresa belga Omega Diamonds".
O processo, que decorre num tribunal na cidade belga de Gante, refere-se a valores que foram desviados de Angola e foram tornados públicos na sequência de uma acção desencadeada pelas autoridades belgas, que investigaram a ligação da empresa ASCorp (Angola Selling Corporation) e a actuação da Omega Diamonds, que terá atribuído classificações fraudulentas aos diamantes provenientes de Angola.
De acordo com a explanação apresentada ao Presidente João Lourenço, a ASCorp, fundada em 2000, com a participação da empresária Isabel dos Santos, detinha o direito exclusivo de vender e exportar diamantes de Angola.
Lúcia Silveira explicou ao ao NJOnline, à margem da 3.ª conferência sobre "Transparência, Corrupção, Boa Governação e Cidadania em Angola", promovida pela AJPD, em que esteve presente a eurodeputada Ana Gomes a convite da associação, que "a Presidência da República não deu, até à data, qualquer resposta sobre se já foram tomadas medidas para recuperar a favor do Estado angolano os oito mil milhões de dólares que se encontram na Bélgica".
Na carta enviada ao PR, a AJPD explicava como o alegado esquema de lavagem de diamantes fazia com que as "pedras preciosas" angolanas chegassem à Bélgica como se fossem provenientes do Dubai", citando o belga David Renous, perito em geopolítica diamantífera e autor da denúncia, que explicou como o esquema de lavagem de diamantes, os diamantes são comprados em Angola por um preço cerca de 40% mais baixo em relação aos preços de Antuérpia, e são então vendidos em Antuérpia pelo preço de mercado, apagando-se a ligação entre Angola e Antuérpia.
Também em Junho, o Presidente da República angolano deslocou-se a Estrasburgo para discursar no Parlamento Europeu, onde garantiu estar em curso em Angola "uma verdadeira cruzada contra a corrupção e a impunidade em toda a sociedade, com destaque para os chamados crimes de colarinho branco".
No seu discurso no Parlamento Europeu, o PR lembrou igualmente que "foi aprovado em Conselho de Ministros o novo modelo de comercialização dos diamantes, que acaba com os chamados clientes preferenciais".
"Acreditamos que, com esta medida, veremos em breve o regresso das grandes empresas multinacionais do sector, quer das produtoras como das de comércio e de lapidação de diamantes", expôs.
Já a eurodeputada Ana Gomes, que assistiu à conferência do perito David Renous, voltou a reforçar, no sábado, durante a conferência promovida pela AJPD, que "Angola não precisa de passar pelo Dubai e pelos esquemas que a Ascorp no passado engendrou para desviar recursos do Estado angolano", mas essa situação, tal como outras, exigem uma vontade política do Estado angolano
"Há hoje leis e mecanismos na Europa, pagos pela própria União Europeia, que podem ajudar as autoridades angolanas".
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