quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Excesso de divisas ou falta de liquidez? Apesar de BNA disponibilizar 50 milhões de euros, bancos comerciais adquirem apenas 16 milhões



Foto: DR SB

O Banco Nacional de Angola (BNA) realizou, esta quarta-feira, 10, mais uma sessão de venda de divisas em leilão, disponibilizando 50 milhões de euros, dos quais apenas 16, 2 milhões foram adquiridos pelos bancos comerciais. A principal explicação para o fenómeno, segundo o economista Lopes Paulo, é a falta de liquidez em moeda nacional.

Esta é já a segunda vez, em Outubro, que os bancos comerciais compram apenas uma parte das divisas disponibilizadas pelo banco central.

No dia 3, os bancos comerciais compraram apenas 74,53 milhões de euros dos 100 milhões que o BNA colocou à disposição.

Segundo o economista Lopes Paulo, a falta de liquidez em moeda nacional é a principal explicação para o fenómeno.

"As empresas hoje têm menos liquidez, logo, há menos depósitos em kwanzas nos bancos comerciais, o que leva a que, quando os bancos comerciais vão aos leilões, o façam ser ter liquidez suficiente para adquirir as divisas disponibilizadas pelo banco central".

Segundo o consultor de assuntos económicos, a tendência é que o cenário piore a cada dia, "pois com a contínua desvalorização do Kwanza, as empresas vão perdendo liquidez".

"E o próprio Ministério das Finanças ajuda a que a situação seja essa, pois tem atrasado muito os pagamentos às empresas, dificultando-lhes a vida", esclarece Lopes Paulo.

E os particulares que se queixam de não conseguir transferir dinheiro para o exterior?

No entanto, os pagamentos de estudos ou de despesas de ajuda familiar, entre outros, continuam a ser uma dor de cabeça para as famílias angolanas.

O economista considera que a razão principal para que as famílias continuem a não conseguir realizar operações de transferência de moeda estrangeira para o exterior se prende com o excesso de zelo, pois "o BNA obriga a que todos os bancos conheçam os seus clientes, saibam a origem e o destino do dinheiro, devido ao combate do branqueamento de capitais".

"Pode também haver alguma má interpretação dos bancos em relação às regras impostas pelo banco central", explica.

O que, segundo o economista, não impede que possa haver ainda alguns comportamentos "erráticos" por parte de alguns funcionários bancários, "que vão criando dificuldades a quem quer transferir moeda estrangeira, pois os bancos continuam a devolver operações", declara.

Euro mantém-se nos 349,17 Kz, Dólar sofre apreciação

Do leilão desta quarta-feira não resultou qualquer alteração no valor da moeda nacional no que respeita à moeda europeia, com cada Euro a manter-se nos 349,17 Kwanzas.

No entanto, e pela primeira vez desde que os leilões de venda de divisas foram implementados, a 09 de Janeiro deste ano, o valor do Kwanza face ao Dólar apreciou-se, com a moeda norte-americana a valer agora 302,416 kwanzas, depois de, na última sessão, ter atingido os 304,049 kwanzas por Dólar.

Este é o 5º leilão deste mês. O próximo é já na sexta-feira, 12. Em Outubro estão ainda previstas sessões nos dias 15, 17, 19, 22, 24, 26, 29 e 31.

De lembrar que o BNA, no âmbito da normalização do funcionamento do mercado cambial, retomou, recentemente, a venda de moeda estrangeira nos leilões de divisas sem indicação específica das operações ou importadores para os quais os fundos devem ser vendidos pelos bancos comerciais.

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