Os efectivos da Polícia Nacional que por motivos diversos viram suspensos os seus salários, há aproximadamente um ano queixam-se de maus-tratos por parte de alguns Directores Nacionais do Ministério das Finanças, responsáveis no processo de cadastramento dos funcionários públicos, em geral, e de agentes da Polícia, em particular.
Com os salários suspensos, o Comando Geral da corporação, segundo apurou o Correio da Kianda, tem estado a encetar contactos com pelouro de Archel Mangueira no sentido de resolver pontualmente o problema já que, segundo fontes, muitos dos agentes ficaram sem salário por falta de cópia de bilhete de identidade, fotografias ou nomes mal escritos aquando do cadastramento.
Segundo agentes que se encontram nesta situação e que solicitaram anonimato, ao meio da semana passada o Ministério das Finanças terá notificado a Polícia Nacional que começaria um novo cadastramento daqueles agentes que se encontram fora do sistema e por isso sem os respectivos salários. Esta informação, contam, motivou a que o Comando Geral chamasse, para essa fase, todos os agentes abrangidos que residem nas Províncias de Luanda, Uíge, Kuanza-Norte, Malange, Bengo e Zaire para a se deslocar Luanda para o efeito, na segunda-feira, 15 de Outubro do ano corrente.
Para o espanto dos agentes, pouco mais de sete mil, entre agentes e oficiais, que se concentram no pátio do Comando Provincial de Luanda, sito na Avenida Deolinda Rodrigues, junto ao Cemitério da Santa Ana, em Luanda, até às 14 horas de segunda-feira, não havia nenhuma informação sobre o prometido cadastramento.
“chegamos às cinco, seis horas da manhã e até às 14, 15 horas não nos tinham dito absolutamente nada. Os nossos chefes de recursos humanos não sabiam o que nos dizer porque o pessoal do Ministério das Finanças não informou nada” reclama a nossa fonte, no terreno.
Vindos das províncias próximas de Luanda para ver devolvidos os seus salários nas contas, ao agentes das mais variadas especialidades de polícia, dizem ainda que o pessoal responsável pelo cadastramento trata-os com muito desdenho como se de crianças ou pessoas que estão a procura de emprego se trata.
“É um abuso que o senhor jornalista não aceitaria e não imagina. Nem parece que estão a lidar com agentes de polícia, pais de filhos e adultos acima de tudo. Na segunda ficamos aqui todo o dia, sem comer nada, sem cadeira para sentar, atirados ao chão, dormimos em sítios sem condições já que muitos de nós não somos de Luanda, não temos família aqui, viemos e trabalhamos na fronteira, por exemplo, e hoje é o segundo dia eles não apareceram e agora os chefes estão a dizer que não tem dia marcado, por isso, temos que vir aqui, as manhãs, todos os dias, isso é brincar com as pessoas! Lamentou, visivelmente agastado.
Recorde-se que a Polícia Nacional tem cerca de dez mil efectivos sem salários por não terem sido cadastrados por motivos de muitos deles se encontrarem, na altura, no exterior do País a estudar, tratamento médico e em missão de serviço, bem como estarem em locais de difícil acesso e que não permitiu sair e fazer o cadastramento.
O Correio da Kianda procurou contactar o Ministério das Finanças, na pessoa do seu Director de Comunicação Institucional e Imprensa mas o seu telemóvel encontrava, segundo a rede telefónica, fora de serviço, o que continuará a tentar fazer nos próximos dias.
Correio da Kianda
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