Foto de World Economic Forum via Flickr
Jack Ma é um nome que provavelmente te lembra com mais imediatismo um filme clássico de Kung Fu do que uma multinacional tecnológica de valor astronómico. Pois é, a verdade é que Jack Ma é o homem por trás da fundação e maturação do Alibaba, o gigante do comércio online na china.
O Alibaba foi fundado em 1999, mas foi nos anos recentes, e aproveitando naturalmente a crescente penetração das tecnologias e a democratização total da internet, que deu o pulo final. Num dos pontos mais altos da história da empresa, o seu CEO, Jack Ma, decidiu tomar uma atitude surpreendente e anunciar que pretende abandonar o cargo.
Falamos de surpresa porque esse não é o percurso a que estamos habituados a assistir no ocidente, onde os CEOs carismáticos se arrastam até escândalos, doença ou morte. Jack Ma – que por várias vezes foi notícia por aproveitar a atenção mediática para deixar mensagens para a humanidade (por exemplo, quando disse que devíamos aprender a amar melhor porque é a única coisa que os robôs serão incapazes) – volta aos destaques da imprensa internacional não só pela sua resignação ao cargo, mas pela forma como o fez.
NÃO SE PODE SER CEO PARA SEMPRE
Numa extensa carta endereçada aos funcionários e clientes do Alibaba, entretanto tornada pública na internet, Jack Ma debruça-se sobretudo sobre a cultura da empresa que torna possível que esta mudança aconteça. Para o chinês, apaixonado pela educação (como mostra o seu projecto de educação para empreendedores, o Hupan College), “ninguém pode assumir as responsabilidades de presidente e CEO para sempre” e este foi o momento escolhido para abandonar o cargo, apesar de, na última década, todos os processos da empresa terem sido optimizados a pensar nesta mudança.
O senhor que sucederá a Jack Ma é Daniel Zhang, na empresa há 11 anos e um fruto da cultura que o CEO demissionário preza e sublinha. A mudança será feita no 20º aniversário da empresa, isto é, em Setembro de 2019.
Assim, a principal lição que Jack Ma parece enviar directamente para este lado do oceano é que todos os líderes devem procurar criar projectos, produtos ou serviços que sejam capazes de viver sem eles, porque nenhum ser humano é fisicamente capaz de os liderar durante muito tempo quando se tornam muito grandes.
“Desde a fundação da empresa em 1999, que nós temos a visão de que o futuro do Alibaba dependerá de ‘tropas de talento’ que nos permitam ir criando sucessão na gestão. Depois de vários anos de trabalho árduo, hoje a Alibaba tem uma imensidão de talentos de classe mundial em quantidade e qualidade”, escreve Jack. “O sistema de parceria que desenvolvemos é uma solução criativa para boa gestão e sustentabilidade que colmata vários problemas das empresas de alta escala: inovação contínua, sucessão de liderança, responsabilização e continuidade cultural.”
JACK MA AINDA É JOVEM
Depois de se debruçar sobre esse lado mais corporativo e empresarial e de dar uma breve explicação sobre como tudo se tornou possível, Jack reservou os últimos parágrafos para falar de si. O CEO que recentemente foi estrela numa curta de Kung Fu (sim, a primeira frase era só para baralhar) diz que, sendo jovem (53 anos), ainda tem muitos sonhos por cumprir e que com certeza não vai parar.
Por um lado, continuará como um dos sócios fundadores da empresa por outro terá mais espaço para cultivar o seu outro grande interesse, já mencionado, o da educação. “O mundo é tão grande, e eu continuo jovem, por isso quero fazer coisas novas – porque novos sonhos podem ser realizados?!”, refere
O espírito da carta é intimista, próximo, positivo e focado nas pequenas coisas da vida vindo de um dos CEOs das maiores empresas do mundo, o que é surpreendente mas não casual. Jack Ma termina resumindo tudo o que havia dito por outras palavras num icónico: “A Alibaba não é do Jack Ma, mas o Jack Ma será sempre da Alibaba”, uma frase lapidar e reveladora dos laços que o unem à empresa.
fonte: shifter
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