O que muitos consideravam ter sido apenas mais um crime isolado, quando há meses Ndalatando acordou com carros queimados na via pública, hoje tornou-se da praxe na capital do Cuanza-Norte. Todos os dias ao raiar do sol a preocupação dos cidadãos é saber quem foi vítima e que bairro foi visitado pela saga dos incendiários que infernizam a cidade.
Já lá vão 36 viaturas, preferencialmente ligeiras e particulares, 3 escolas e igual número de residências. Os incendiários de N’Dalatando deixaram a sua última marca de terror no Domingo, 18, no bairro Miradouro, na capital do Cuanza-Norte. Nos últimos tempos tem sido assim: carros queimados aqui e acolá. Relatam os moradores que “vivem um inferno na terra”. Desesperados, os cidadãos clamam por ajuda. Enquanto isso, a solução é levar os veículos a sítios, supostamente mais seguros, nomeadamente próximo a unidades policiais e de empresas protegidas por seguranças durante a noite. Na semana passada, uma luz no fundo do túnel terá aliviado o clima de insegurança sobre a cidade, com o anúncio da detenção de 4 suspeitos implicados na onda de crimes incendiários contra propriedades públicas e privadas.
A Polícia Nacional informou na Quinta-feira, 11, que tinha detido quatro indivíduos supostamente implicados, desde Abril, na prática criminosa de ateamento de fogo a viaturas. De acordo com o director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Comando Provincial da Polícia Nacional, subinspetor Edgar Salvador, entre os acusados estão Filipe Estêvão Ferreira (Finidji) e Pedro Alfredo Azevedo (Pedrão), indiciados como “co-autores materiais do crime de fogo posto contra objectivos públicos e privados”. Na ocasião, a polícia informou ainda que estavam igualmente detidos Joaquim da Costa Zangui (Lutambi) e António André Pereira, conhecido por Vadinho, indiciados como co-autores morais. Ambos são ainda acusados do crime de associação de malfeitores. Edgar Salvador fez saber que após terem sido submetidos ao primeiro interrogatório pelo Ministério Público, aos arguidos foi decretada a medida de prisão preventiva, enquanto correm os tramites o processo- crime 1321/2018. Entretanto a aparente boa notícia foi “sol de pouca dura”. Na manhã de Sábado, 18, Ndalatando “acordou” com mais carros queimados, desta feita num total de três.
No dia seguinte, (Domingo), mais carros queimados, o que leva a população interrogar-se se terão sido efectivamente detidos os verdadeiros autores deste filme de terror. Das autoridades pouco ou quase nenhuma explicação convicente foi dada até ao mometo. Por telefone, o porta-voz da Polícia Nacional no Cuanza-Norte assegurou a OPAÍS que as investigações prosseguem e todas as hipóteses estão em cima da mesa, não se excluindo a possibilidade de estarem a operar na cidade várias facções criminosas ou ainda tratar-se de uma tentativa de ensombrar mais as investigações. Ndalatando vive um verdadeiro cenário de terror nos ultimos meses, sem que seja dada uma explicação plausível sobre o “fenómeno” que ensombra e empobrece a cidade que já foi, num passado recente, “um cantinho de sossego onde se podia deixar estacionado o carro na via publica e dormir em paz”.
Hoje, a rotina dos transeuntes está afectada, a tal ponto que, ao cair da noite a azáfama na cidade é a disputa por lugares nas proximidades de locais seguros, desde que se pague 200 a 500 Kwanzas de luvas aos seguranças que agora “abriram um novo negócio”. Os malfeitores já levaram a sua “ousadia” ao extremo, tendo ateado fogo à emblemática Escola nº 20, no centro urbano de Ndalatando, a metros do Palácio do Governador, onde terão deixando uma mensagem: “eu sou o vosso pesadelo”. No bairro “Tiro aos Pratos” atearam fogo a um posto de transformação eléctrica. Já estiveram em outras duas das maiores escolas da cidade, nomeadamente os complexos escolares “Comandante Benedito” e “Samora Moisés Machel”.
Fonte: O País
0 comentários: