A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou os nove países vizinhos da República Democrática do Congo (RDC) para o "risco elevado" de propagação da epidemia de Ébola que desde 03 de Maio já fez pelo menos 26 mortos.
Fonte: Novo JornalO risco para os países vizinhos, que inclui Angola, e ainda dois países com fronteiras partilhadas com Angola, Zâmbia e Congo-Brazzaville, num total de nove, foi lançado pela OMS depois de o vírus do Ébola ter chegado a Mbandaka, a capital da província congolesa do Equador, onde uma grande maioria das mais de 700 mil pessoas que nela habitam, vivem em condições de grande pobreza, facilitando a dispersão da febre hemorrágica.
Apesar de a OMS já ter afirmado que, para já, esta epidemia de Ébola na RDC ainda não constitui uma "emergência global" e de as autoridades sanitárias de Angola estarem a acompanhar de perto o evoluir da epidemia, com a activação de equipas de vigilância e controlo com maior incidência nas províncias fronteiriças, a chegada da doença a Mbandaka aumenta exponencialmente o potencial de transmissão do vírus devido à grande quantidade de pessoas que se deslocam para o resto do país e do continente a partir dali.
Isto, acrescido do facto de o Rio Congo ser uma das principais vias de chegada e partida de Mbandaka, ao mesmo tempo que é também uma das grandes vias de comunicação em todo o continente africano.
Actualmente, esta epidemia de Ébola, a 9ª desde que o vírus foi descoberto em humanos, em 1976, também na RDC, segundo as autoridades congolesas da Saúde, já fez 26 mortos - o último foi anunciado hoje pelo ministro da Saúde - num total de 46 casos registados, sendo que destes há já pelo menos 22 confirmados como sendo a febre hemorrágica.
Entretanto, uma das principais conquistas da OMS e das restantes equipas internacionais no terreno, como os Médicos Sem Fronteiras ou o UNICEF, foi a aceitação pelo Governo de Joseph Kabila para que tivesse início o processo de imunização das populações mais exportas ao vírus, na cidade de Mbandaka, entre outros locais do Equador, com uma vacina experimental que, apesar dos bons resultados obtidos em laboratório, ainda não provou a completa eficácia em cenário de propagação real, tendo, todavia, dado já boas indicações na epidemia de 2014 na África Ocidental, onde morreram mais de 11 mil pessoas.
Apesar dos riscos assumidos pela OMS, ainda não foram colocadas de forma oficial restrições às deslocações internacionais de pessoas ou comerciais.
Todavia, a OMS anunciou em comunicado que estão a ser feitos esforços para encontrar e sensibilizar cerca de 500 pessoas tidas como tendo estado no local de surgimento da epidemia, em Bikoro, uma zona remota da província do Equador, e que deixaram a área com destino incerto.
Uma das questões mais preocupantes nestas situações, segundo os organismos internacionais na linha da frente do combate ao vírus que provoca esta febre hemorrágica e de grande letalidade, é contrariar os hábitos culturais propícios à retransmissão da doença, como a questão dos prolongados cumprimentos, tocar e lavar os mortos, entre outros.
Vómitos, febres altas, diarreia, dores musculares e abdominais e a fadiga inexplicável são os principais sintomas da febre hemorrágica provocada pelo vírus do Ébola, aconselhando as autoridades a quem os sentir a procurar de imediato cuidados médicos, evitando o contacto com outras pessoas até ter o despiste da doença feito por profissionais de saúde.
Recorde-se que o ébola é endémico na RDC, onde já ocorreram, contando com esta, nove epidemias, e a transmissão para humanos foi feita através de animais selvagens, nomeadamente primatas e morcegos que, por vezes, são consumidos pelas populações locais, sendo a dispersão entre humanos produzida a partir de fluidos corporais, sendo a taxa de mortalidade de 50 por cento.
A maior epidemia de sempre aconteceu entre 2013 e 2014 na África Ocidental, com epicentro na Serra Leoa, causando mais de 11 mil mortos, especialmente naquele país, na Libéria e na Guiné-Conacri, com mais de 20 mil pessoas com sequelas graves e com impacto nas economias nacionais devastadores devido à fuga das populações.
A OMS foi acusada na altura de ter reagido demasiado tarde.
Actualmente, países como a Nigéria e a RCA têm programa de vigilância activa das suas fronteiras para evitar contaminações a partir da RDC.
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