quarta-feira, 30 de maio de 2018

A inspiradora história da garota afegã que se passou por homem para conseguir estudar



No período em que o Talibã assumiu o poder no Afeganistão, a menina afegã Zahra Joy ainda era criança. Naquela época, ainda que as mulheres seguissem rigorosamente as leis impostas, elas continuavam sendo um dos maiores alvos do extremismo. Com o regime imposto pelo Talibã, veio a proibição de que elas pudessem frequentar ambientes escolares.

Mesmo com a proibição, Zahra decidiu que não iria parar de estudar. Seu tio então teve uma ideia, Zahra deveria se vestir como um menino para conseguir frequentar a escola livremente. Inicialmente a ideia não foi aceita pela família, porém, com o passar do tempo, os familiares a apoiaram.

Numa entrevista, Zahra relatou: “Mudei minhas roupas e tive de aprender a ser menino. Meu tio me ensinou a jogar futebol, a ir para as montanhas, a fazer coisas que os garotos faziam. E passei a me chamar Mohammed.” A partir desse momento ela cortou os cabelos, passou a usar outro estilo de roupa e começou a agir como um menino. Não mais existia Zahra, mas sim, Mohammed.

Ao chegar no colégio para dar início às aulas, o diretor do colégio ordenou que todos os garotos que tivessem cabelo longo deveriam cortá-los imediatamente. Naquele período, poucos meninos utilizavam esse tipo de cabelo. Por sorte, o colégio que Zahra escolheu frequentar ficava a cerca de 1h30 de sua residência, o que dificultou seu reconhecimento. O maior medo da família é que ela fosse descoberta e por esse motivo a família começasse a sofrer ameaças, e que a menina fosse obrigada a se casar contra a vontade.

Apesar do medo e das possíveis situações desastrosas que poderiam ocorrer com Zahra (Mohammed), ela passou seis anos enfrentando essa difícil situação. Após esse longo período, o regime Talibã foi abolido e a garota pode então abandonar o “personagem” e voltar a estudar como menina.

Ao revelar sua verdadeira face, Zahra sofreu bullying, mas não se importou, pois conseguiu o que tanto queria, aprendeu a ler, escrever e manteve o tempo correto de sua educação escolar. A garota sentia-se orgulhosa do seu feito.


Zahra tinha 11 anos de idade quando o regime Talibã foi abolido. Atualmente ela é formada em direito e ajuda sua família, trabalhando como jornalista e “bancando” os estudos de suas irmãs mais novas.

Mesmo após ter conseguido voltar à sua rotina de mulher, Zahra relata que o “espírito” de Mohammed ainda persiste nela. A experiência que teve como garoto foi extremamente importante para sua vida atual, ela aprendeu a se socializar com homens e com uma parte da sociedade que provavelmente não teria contato. Zahra afirma ainda que sente falta do seu tempo de “garoto”, pois como garota os seus direitos foram extremamente limitados.

Conheça mais sobre o país de Zahra, no vídeo a seguir:

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