O Governo da Somália ordenou a saída do enviado das Nações Unidas (ONU) para aquele país, acusando-o de “interferência deliberada” nos assuntos internos.
A decisão foi tomada poucos dias depois de Nicholas Haysom expressar a sua preocupação relativa aos serviços de segurança somalis, que são apoiados pela ONU, no recente escalada de violência que resultou em várias mortes.
“O representante especial do secretário-geral da ONU para a Somália, Nicholas Haysom, não é mais bem-vindo à Somália e não pode mais trabalhar no país”, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, em comunicado, na noite de terça-feira.
Haysom foi nomeado para este cargo em setembro pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
O anúncio do Governo somali vem depois de Haysom ter exigido, numa carta às autoridades do país, respostas relativas à detenção de Mukhtar Robow, um dos fundadores do Al-Shabab, ex-porta-voz daquele grupo extremista islâmico até 2012 e candidato presidencial às eleições do também chamado Estado do Sudoeste.
Na mesma carta, o representante especial na Somália perguntou ao Governo se forças apoiadas pela ONU estariam envolvidas ou não na morte de pelo menos onze pessoas, incluindo militares e manifestantes durante os protestos que se seguiram à detenção de Robow na capital regional de Baidoa.
As eleições na região sudoeste ganharam interesse internacional quando Robow anunciou a sua candidatura, após a proibição por parte do Governo central, cuja candidatura tinha sido aprovada a 05 de novembro pela comissão eleitoral regional.
O terrorista deixou o Al Shabab em 2012 devido a discrepâncias ideológicas e, em 2017, entregou-se ao Governo federal somali, ano em que os EUA retiraram uma recompensa de cinco milhões de dólares (4,5 milhões de euros) pela sua captura.
A Somália está em estado de guerra e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi deposto, deixando o país sem um Governo efetivo e nas mãos de milícias islâmicas radicais, senhores da guerra e gangues criminosos armados.
OPAIS
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