Apenas dois comboios diários vão assegurar os serviços mínimos entre Viana e Luanda (Bungo) a partir desta segunda-feira depois de os trabalhadores dos Caminhos-de-Ferro de Luanda (CFL) terem decidido manter a greve sem duração definida porque não chegaram a acordo com a administração sobre alguns pontos essenciais das suas reivindicações.
Os utentes dos CFL contam a partir de hoje, segunda-feira, apenas com uma composição a ligar Viana e o Bungo, em Luanda, pelas 07:00 e, ao fim da tarde, às 16:00, um comboio fará a ligação entre o Bungo e Viana, ao km 25.
A decisão de manter o protesto laboral esteve, na sexta-feira, como o NJOnline noticiou, dependente de uma derradeira reunião entre os representantes dos trabalhadores e a administração dos CFL, tendo as partes chegado a acordo cobre um conjunto alargado dos cerca de 20 pontos em discussão.
No entanto, os entendimentos alcançados não chegaram para evitar a greve, com destaque para o aumento salarial de 80 % exigido pelos trabalhadores ao que a administração dos CFL já tinha dito, mesmo antes da reunião de sexta-feira, não ter condições para aceitar devido a constrangimentos financeiros.
Com esta decisão, dos 17 comboios diários, apenas dois vão ser efectuados, deixando dezenas de milhares de pessoas com o desafio de encontrar alternativas para as suas deslocações diárias.
Como o NJOnline constatou hoje, o trânsito rodoviário não sofreu um impacto significativo, estando fluído logo às primeiras horas da manhã, porque, como indicaram alguns utentes dos CFL, já se sabia que a greve iria ter lugar e, por isso, foram acauteladas as necessárias alternativas.
Dos 19 pontos em cima da mesa, como indicou fonte dos representantes dos trabalhadores, apenas 4 estão por alcançar, como a questão dos 80 por cento de aumento salarial generalizado e subsídios de alimentação, transporte e instalação.
Os CFL, para além do serviço suburbano - Luanda/Viana -, tem ainda a ligação entre Luanda e Malange, com duas saídas semanais, passageiros e carga, mas esta ligação não está abrangida pelos serviços mínimos, tendo sido integralmente paralisada.
A derradeira tentativa
Recorde-se que o conselho de administração dos (CFL) e o Sindicato Independente dos Ferroviários de Angola (SINFA) reuniram, na sexta-feira, na sede da empresa, na presença de representantes do Ministério dos Transportes, Administração Pública, Emprego e Segurança Social e das Finanças para procurar um acordo que pudesse evitar a greve.
"Vamos reunir essa tarde para, juntos, encontrarmos soluções precisas que visam impedir que a greve aconteça no CFL, e tudo indica que chegaremos a um consenso e que a greve não sairá", disse na ocasião ao NJOnline um alto dirigente dos CFL que não quis ser identificado.
A fonte já tinha deixado claro que não seria possível - como veio a confirmar-se - satisfazer tudo o que está espelhado no caderno reivindicativo, sobretudo o aumento salarial na ordem dos 80%, que é o ponto-chave das preocupações levantado pelo sindicato.
"Atendendo à conjuntura económica do País, nenhuma empresa está capacitada para efectuar um aumento nessa percentagem", contou.
Apesar de a greve estar em curso, ambas as partes mantêm a disponibilidade para negociar de forma a que esta possa ser interrompida de um momento para o outro.
Fonte:Jornal de Angola
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