terça-feira, 11 de setembro de 2018

Restos mortais do general Ben Ben chegam quinta-feira a Luanda



Foto: DR/Arquivo I NJOnline


Os restos mortais do general Arlindo Chenda Pena "Ben Ben", antigo oficial das Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA, exército da UNITA) e antigo chefe adjunto do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA), falecido em 1998, na África do Sul, chegam esta quinta-feira a Luanda, e fica assim aberto o caminho para a transladação dos restos mortais de Jonas Savimbi para a sua terra natal.


A notícia foi avançada ao NJOnline por Alcides Sakala, porta-voz da UNITA, que explicou que na sexta-feira, 14, haverá uma cerimónia oficial e, no dia seguinte, 15, os restos mortais do general "Ben Ben" seguem para o Bié, terra natal do antigo vice-chefe do Estado-Maior das FALA, liderado na altura por Jonas Savimbi.

A decisão de repatriar os restos mortais do general surgiu na sequência de um pedido do líder da UNITA, Isaías Samakuva, ao Presidente da República, João Lourenço, que contactou o homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa, que prontamente se disponibilizou a que a transladação tivesse lugar.

Alcides Sakala assinala o momento referindo o "gesto de boa vontade" de João Lourenço, destacando que "Era inevitável, Angola não poderia continuar a viver num clima de constante conflito e tensão como viveu no consulado José Eduardo dos Santos".

"Passos como este são importantes para começar a construir o futuro de Angola e de uma democracia. Era necessário começar a fechar as feridas há tanto tempo abertas", conclui.

A 19 de outubro de 1998, na Africa do Sul, depois de lhe ter sido diagmosticado paludismo, numa consulta num posto de saúde do exército, o antigo vice-chefe do Estado-Maior das FALA faleceu numa clínica em Joanesburgo por alegada paralisia renal e problemas pancreáticos.

O corpo de Arlindo Chenda Pena "Ben Ben" foi embalsamado pelas autoridades sul-africanas para que, a qualquer momento, a família pudesse reclamar o seu repatriamento para Angola.

  • Aberto o caminho para a transladação dos restos mortais de Jonas Savimbi para a sua terra natal

Uma das mais pesadas heranças para a UNITA da guerra que terminou em 2002 é a transladação dos restos mortais do seu líder histórico e fundador, morto em combate, em Lucusse, Moxico, a 22 de Fevereiro desse mesmo ano, e sepultado na cidade de Luena, para a sua terra natal, no Bié, conforme o partido do "Galo Negro" exige desde o primeiro minuto após o fim das hostilidades.

Este processo observou vários momentos novos, tendo avançado decisivamente depois de um encontro entre o líder da UNITA, Isaías Samakuva, e o Presidente da República, João Lourenço, que se prontificou a empenhar-se pessoalmente para concluir ainda este ano a exumação e a transladação do corpo de Savimbi, permitindo que a família e o seu partido possam realizar as tão exigidas cerimónias tradicionais fúnebres na terra onde nasceu.

Jonas Savimbi nasceu a 03 de Agosto de 1934, em Munhango, Bié, embora em diversas declarações de responsáveis da UNITA seja feita referência à vontade de devolver o seu corpo à sua origem, no Andulo, igualmente no Bié.

  • Preso mesmo estando morto

No dia 04 de Agosto, Samakuva, num discurso alusivo ao 84º aniversário de Jonas Savimbi, disse não haver "razão alguma para que o Estado angolano mantenha Jonas Malheiro Savimbi preso, mesmo depois de morto".

E questionou: "Porque é que os restos mortais de Jonas Savimbi foram capturados pelo Estado angolano? Porque é que se prende um morto?".

Foi depois destas frases duras proferidas por Isaías Samakuva que o Governo deu alguns passos de abertura, mostrando estar disponível para encontrar uma solução rápida e fechar este capítulo do conflito militar no país, sendo a exumação e a transladação do corpo de Savimbi o mais pesado legado dessa mesma guerra para o partido que fundou, embora não seja o único.

E, antes de o Presidente da República ter garantido que ainda este ano o assunto estará ultrapassado, podendo esse ser um dos maiores passos a caminho da total reconciliação nacional, como a UNITA tem defendido, foi o Ministério do Interior que veio a público mostrar que essa disponibilidade existe.

  • Culpa da UNITA por processo não ter sido concluído?

Depois de o presidente da UNITA, Isaías Samukava, ter acusado o Estado angolano de manter Jonas Savimbi preso, mesmo depois de morto - por não "libertar" os seus restos mortais para um funeral condigno - o Governo esclareceu que o processo de exumação e inumação dos restos mortais do histórico dirigente esbarrou no facto de a direcção do "Galo Negro" não ter remetido ao Governo os documentos solicitados.

Através de um comunicado divulgado no dia 13 de Agosto, o Ministério do Interior (MinInt) faz um ponto de situação do processo de exumação e inumação dos restos mortais de Jonas Savimbi, iniciado em Dezembro de 2014, em resposta às recentes declarações de Isaías Samakuva sobre o assunto.

O MinInt começa por esclarecer que é o interlocutor do Executivo para tratar deste dossiê - papel assumido por indicação do ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos -, cabendo-lhe articular com a direcção da UNITA.

No âmbito deste processo, e já em 2015, o "Galo Negro" apresentou "um caderno de encargos sobre as exéquias do Dr. Jonas Savimbi, que previa actividades até ao primeiro trimestre de 2016", lê-se na nota da instituição tutelada por Ângelo da Veiga Tavares.

O conjunto de acções traçadas pela UNITA incluía a realização de "diligências no sentido de ser localizado o sítio onde foi enterrado o general (António) Dembo", meta que passaria pela apresentação de um "cidadão que dizia que conhecia o local", algo que segundo o MinInt "não aconteceu".

"Para a materialização do exposto, ficou acordado que a Direcção da UNITA endereçaria uma carta ao Ministério do Interior para a sua formalização e submissão ao Executivo, o que não aconteceu", reforça a instituição.

Apesar de sublinhar que o "Galo Negro" não enviou os documentos que se tinha comprometido a entregar, o MinInt garante que o Governo mantém a disponibilidade para resolver o assunto, indicação que transmitiu, por carta, ao presidente da UNITA.


Fonte: NJonline

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